sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Educação e Contemporaneidade

A disciplina Educação e Contemporaneidade me fez refletir sobre as recentes reformulações dos cursos de formação de professores e a crescente valorização da carreira do magistério, em vários países do primeiro mundo, expressam a preocupação de que o sistema de ensino corresponda às exigências da sociedade do conhecimento e de que o professor seja o agente privilegiado das mudanças desse sistema e que ele esteja mais preparado para isso. Como conseqüência, já se constata, nesses países, que o nível de formação docente tem se elevado, bem como que os cursos de especialização tem tido maior reconhecimento social. As políticas adotadas consideram que a qualificação para o ensino está relacionada com a formação inicial de professores e com a existência de uma carreira profissional estimulante, proporcionada pela garantia de mecanismos de formação contínua e de salários dignos.
“No tocante à qualificação profissional, essas políticas partem da concepção de que o professor não é um técnico reprodutor de conhecimento acumulado pela humanidade. É o profissional que domina o conhecimento específico de sua área e o conhecimento pedagógico em uma perspectiva de totalidade. Isso lhe permite perceber as relações existentes entre as atividades educacionais e a globalidade das relações sociais, políticas e culturais em que o processo educacional ocorre e atuar como agente de transformação da realidade” (ANFOPE, 1989, p.13).

A construção de uma prática reflexiva requer ao educando a investigação contínua de seu fazer no cotidiano, atenção não só ao observável, ao falado e ao escrito, mas também ao não-realizado, ao não-falado e ao não-escrito, que podem indicar limites no processo de aprendizagem do estudante, na comunicação em sala de aula, nas situações de ensino e de avaliação e na relação pedagógica, cuja competência pode e deve ser construída já na formação docente. Essa prática reflexiva pressupõe a curiosidade constante do professor para com os alunos, um pensamento ágil e apurado e a sistemática de reflexão permanente sobre o processo ensino-aprendizagem, numa perspectiva de ação-reflexão-ação.
Com base nessa concepção de formação e construção de conhecimento e apoiados em autores que vêm trazendo importantes contribuições acerca da formação e avaliação (Saul, 1994; Hoffmann, 1994, 1995; Luckesi, 1995; André e Lüdke, 1994; Darsie, 1995; Perrenoud, 1999) entre outros, é que a considero como ação crítico-reflexivo, envolvendo ao mesmo tempo questões de ordem técnica, política e epistemológica. A avaliação assume o compromisso com o sucesso da aprendizagem a partir de um processo permanente de reflexão sobre a qualidade do ensino, e se inscreve numa concepção de conhecimento situado cultural, histórica e politicamente, os quais carregam os traços, os valores, os significados atribuídos pelos sujeitos.
Essa perspectiva de avaliação tem um caráter crítico-reflexivo e define seus contornos no contexto de uma aprendizagem como processo significativo de apropriação crítica de conhecimentos sob os pontos de vista intelectual, cultural e político. Do ponto de vista intelectual, a avaliação se constitui enquanto processo reflexivo, através do qual as situações de aprendizagem são continuamente analisadas com base nas reflexões do professor sobre as condições de aprendizagem dos seus alunos, a fim de intervir com questionamentos desafiadores, conflitos, situações-problema. A interlocução entre professor e o aluno que supera a necessidade de controle, e exerce a função de acompanhamento sistemático e crítico do processo de aprendizagem, tanto busca superar as dificuldades e ampliar as competências intelectuais do aluno, quanto melhorar a qualidade da prática docente.
No que se refere à sua dimensão cultural, ao buscar constituir-se enquanto instrumento de aprendizagens relevantes de vários significados e múltiplas interseções de conhecimentos, a avaliação considera a diversidade cultural. Portanto, pressupõe a pluralidade de formas (e) de conhecimentos, como inerente ao processo ensino-aprendizagem, refletindo e intervindo sobre o processo de aprendizagem dos alunos diferenciadamente (PERRENOUD, 1999), de acordo com as dificuldades e necessidades individuais.
Já em seu aspecto político, a avaliação reflexiva no contexto de uma aprendizagem como processo significativo de apropriação crítica de conhecimentos, diversamente cultural, não seletiva, mas formativa, está intrinsecamente comprometida com o acesso de todos ao conhecimento socialmente produzido, contribuindo com a democratização do conhecimento.
Dada a importância – política, cultural e intelectual – da avaliação crítico-reflexiva, efetivamente comprometida com o processo de construção do conhecimento, essa prática assume um papel fundamental no fazer pedagógico. Baseada na analise que fiz sobre avaliação na construção de conhecimento posso dizer que o meu aprendizado na disciplina foi muito bom.




REFERÊNCIAS

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 5. ed. Porto Alegre, RS: Educação e Realidade, 1994.
HOFFMAN, Jussara – Avaliação na Pré-escola –Editora Mediação.

Concepções de linguagem e escrita ... Avaliação Mediadora - Hoffmam, Jussara, - Editora Mediação; 1985

PERRENOUD, Fhilippe. Avaliação: da excelência à regulaçãodas aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1999.
PERRENOUD, Fhilippe. Dez novas competências para ensinar.Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre : Artes Médicas, 2000.