quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Vocês conhecem Maria da Penha? Falo da mulher ativista que inspirou a criação da lei que recebeu o seu nome. Ela e Maria Dolores de Brito escreveram a oportuna reflexão sobre o caso Eloá:
Feminicídio ao vivo: o que nos clama Eloá
Tudo o que o Brasil acompanhou com pesar no drama de Eloá, em suas cem horas de suplício em cadeia nacional, não pode ser visto apenas como resultado de um ato desesperado de um rapaz desequilibrado por causa de uma intensa ou incontrolada paixão. É uma expressão perversa de um tipo de dominação masculina ainda fortemente cravada na cultura brasileira.
No Brasil, foram os movimentos feministas que iniciaram nos anos de 1970, as denúncias, mobilização e enfrentamento da violência de gênero contra as mulheres que se materializava nos crimes cometidos por homens contra suas parceiras amorosas. Naquele período ainda estava em vigor o instituto da defesa da honra, e desenvolveram- se ações de movimentos feministas e democráticos pela punição aos assassinos de mulheres. A alegação da defesa da honra era então justificativa para muitos crimes contra mulheres, mas no contexto de reorganização social para a conquista da democracia no país e do surgimento de movimentos feministas, este tema vai emergir como questão pública, política, a ser enfrentada pela sociedade por ferir a cidadania e os direitos humanos das mulheres.
O assassinato de Ângela Diniz, em dezembro de 1976, por seu namorado Doca Street, foi o acontecimento desencadeador de uma reação generalizada contra a absolvição do criminoso em primeira instância, sob alegação de que o crime foi uma reação pela defesa "honra". Na verdade, as circunstâncias mostravam um crime bárbaro motivado pela determinação da vítima em acabar com o relacionamento amoroso, e a inconformidade do assassino com este fim. Essa decisão da justiça revoltou parcelas significativas da sociedade cuja pressão levou a um novo julgamento em 1979 que condenou o assassino. Outro crime emblemático foi o assassinato de Eliane de Grammont pelo seu ex-marido Lindomar Castilho em março de 1981. Crimes que motivaram a campanha "quem ama não mata".
Agora, após três décadas, o Brasil assistiu ao vivo, testemunhando, o assassinato de uma adolescente de 15 anos por um ex-namorado inconformado com o fim do relacionamento. Um relacionamento que ele mesmo tomou a iniciativa de acabar por ciúmes, e que Eloá não quis reatar. O assassino, durante 100 horas manteve Eloá e uma amiga em cárcere privado, bateu na vitima, acusou, expôs, coagiu e por fim martirizou o seu corpo com um tiro na virilha, local de representação da identidade sexual, e na cabeça, local de representação da identidade individual. Um crime em que não apenas a vida de um corpo foi assassinada, mas o significado que carrega – o feminino.
Um crime do patriarcado que se sustenta no controle do corpo, da vontade e da capacidade punitiva sobre as mulheres pelos homens. O feminicídio é um crime de ódio, realizado sempre com crueldade, como o "extremo de um continuum de terror anti-feminino" , incluindo várias formas de violência como sofreu Eloá, xingamentos, desconfiança, acusações, agressões físicas, até alcançar o nível da morte pública. O que o seu assassino quis mostrar a todas/os nós? Que como homem tinha o controle do corpo de Eloá e que como homem lhe era superior? Ao perceber Eloá como sujeito autônomo, sentiu-se traído, no que atribuía a ela como mulher (a submissão ao seu desejo), e no que atribuía a si como homem (o poder sobre ela - base de sua virilidade). Assim o feminicídio é um crime de poder, é um crime político. Juridicamente é um crime hediondo, triplamente qualificado: motivo fútil, sem condições de defesa da vítima, premeditado.
Se antes esses crimes aconteciam nas alcovas, nos silêncios das madrugadas, estão agora acontecendo em espaços públicos, shoppings, estabelecimentos comerciais, e agora na mídia. Para Laura Segato [1] é necessário retirar os crimes contra mulheres da classificação de homicídios, nomeando-os de feminicídio e demarcar frente aos meios de comunicação esse universo dos crimes do patriarcado. Esse é o caminho para os estudos e as ações de denúncia e de enfrentamento para as formas de violência de gênero contra as mulheres.
Muita coisa já se avançou no Brasil na direção da garantia dos direitos humanos das mulheres e da equidade de gênero, como a criação das Delegacias de Apoio às Mulheres - DEAMs, que hoje somam 339 no país, o surgimento de 71 casas abrigo, além de inúmeros núcleos e centros de apoio que prestam atendimento e orientação às mulheres vítimas, realizando trabalho de denúncia e conscientizaçã o social para o combate e prevenção dessa violência, além de um trabalho de apoio psicológico e resgate pessoal das vítimas. Também ocorreram mudanças no Código Penal como a retirada do termo "mulher honesta" e a adoção da pena de prisão para agressores de mulheres, em substituição às cestas básicas. A criação da Lei 11.340, a Lei Maria da Penha, para o enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres.
Mas, ainda assim, as violências e o feminicídio continuam a acontecer. Vejamos o exemplo do Estado do Ceará: em 2007, 116 mulheres foram vítimas de assassinato no Ceará; em 2006, 135 casos foram registrados; em 2005, 118 mortes e em 2004, mais 105 casos [2]. As mulheres estão num caminho de construção de direitos e de autonomia, mas a instituição do patriarcado continua a persistir como forma de estruturação de sujeitos. É preciso que toda a sociedade se mobilize para desmontar os valores e as práticas que sustentam essa dominação masculina, transformando mentalidades, desmontando as estruturas profundas que persistem no imaginário social apesar das mudanças que já praticamos na realidade cotidiana. O comandante da ação policial de resgate de Eloá declarou que não atirou no agressor por se tratar de "um jovem em crise amorosa", num reconhecimento ao seu sofrer. E o sofrer de Eloá? Por que não foi compreendida empaticamente a sua angústia e sua vontade (e direito) de ser livremente feliz?


Notas:[1] SEGATO, Rita Laura. Que és um feminicídio. Notas para um debateemergente. Serie Antropologia, N. 401. Brasília: UNB, 2006.[2] Dados disponíveis em: http://www.patricia galvao.org. br/apc-aa-patriciagalvao/ home/noticias. ...=1076* Maria Dolores é Socióloga, professora da Universidade Federal do Ceará /Maria da Penha é inspiradora do nome da Lei Federal 11340/2006 e colaboradora de Honra da Coordenadoria de Políticas para Mulheres da Prefeitura de MulheresParceria:

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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Educação e Contemporaneidade

A disciplina Educação e Contemporaneidade me fez refletir sobre as recentes reformulações dos cursos de formação de professores e a crescente valorização da carreira do magistério, em vários países do primeiro mundo, expressam a preocupação de que o sistema de ensino corresponda às exigências da sociedade do conhecimento e de que o professor seja o agente privilegiado das mudanças desse sistema e que ele esteja mais preparado para isso. Como conseqüência, já se constata, nesses países, que o nível de formação docente tem se elevado, bem como que os cursos de especialização tem tido maior reconhecimento social. As políticas adotadas consideram que a qualificação para o ensino está relacionada com a formação inicial de professores e com a existência de uma carreira profissional estimulante, proporcionada pela garantia de mecanismos de formação contínua e de salários dignos.
“No tocante à qualificação profissional, essas políticas partem da concepção de que o professor não é um técnico reprodutor de conhecimento acumulado pela humanidade. É o profissional que domina o conhecimento específico de sua área e o conhecimento pedagógico em uma perspectiva de totalidade. Isso lhe permite perceber as relações existentes entre as atividades educacionais e a globalidade das relações sociais, políticas e culturais em que o processo educacional ocorre e atuar como agente de transformação da realidade” (ANFOPE, 1989, p.13).

A construção de uma prática reflexiva requer ao educando a investigação contínua de seu fazer no cotidiano, atenção não só ao observável, ao falado e ao escrito, mas também ao não-realizado, ao não-falado e ao não-escrito, que podem indicar limites no processo de aprendizagem do estudante, na comunicação em sala de aula, nas situações de ensino e de avaliação e na relação pedagógica, cuja competência pode e deve ser construída já na formação docente. Essa prática reflexiva pressupõe a curiosidade constante do professor para com os alunos, um pensamento ágil e apurado e a sistemática de reflexão permanente sobre o processo ensino-aprendizagem, numa perspectiva de ação-reflexão-ação.
Com base nessa concepção de formação e construção de conhecimento e apoiados em autores que vêm trazendo importantes contribuições acerca da formação e avaliação (Saul, 1994; Hoffmann, 1994, 1995; Luckesi, 1995; André e Lüdke, 1994; Darsie, 1995; Perrenoud, 1999) entre outros, é que a considero como ação crítico-reflexivo, envolvendo ao mesmo tempo questões de ordem técnica, política e epistemológica. A avaliação assume o compromisso com o sucesso da aprendizagem a partir de um processo permanente de reflexão sobre a qualidade do ensino, e se inscreve numa concepção de conhecimento situado cultural, histórica e politicamente, os quais carregam os traços, os valores, os significados atribuídos pelos sujeitos.
Essa perspectiva de avaliação tem um caráter crítico-reflexivo e define seus contornos no contexto de uma aprendizagem como processo significativo de apropriação crítica de conhecimentos sob os pontos de vista intelectual, cultural e político. Do ponto de vista intelectual, a avaliação se constitui enquanto processo reflexivo, através do qual as situações de aprendizagem são continuamente analisadas com base nas reflexões do professor sobre as condições de aprendizagem dos seus alunos, a fim de intervir com questionamentos desafiadores, conflitos, situações-problema. A interlocução entre professor e o aluno que supera a necessidade de controle, e exerce a função de acompanhamento sistemático e crítico do processo de aprendizagem, tanto busca superar as dificuldades e ampliar as competências intelectuais do aluno, quanto melhorar a qualidade da prática docente.
No que se refere à sua dimensão cultural, ao buscar constituir-se enquanto instrumento de aprendizagens relevantes de vários significados e múltiplas interseções de conhecimentos, a avaliação considera a diversidade cultural. Portanto, pressupõe a pluralidade de formas (e) de conhecimentos, como inerente ao processo ensino-aprendizagem, refletindo e intervindo sobre o processo de aprendizagem dos alunos diferenciadamente (PERRENOUD, 1999), de acordo com as dificuldades e necessidades individuais.
Já em seu aspecto político, a avaliação reflexiva no contexto de uma aprendizagem como processo significativo de apropriação crítica de conhecimentos, diversamente cultural, não seletiva, mas formativa, está intrinsecamente comprometida com o acesso de todos ao conhecimento socialmente produzido, contribuindo com a democratização do conhecimento.
Dada a importância – política, cultural e intelectual – da avaliação crítico-reflexiva, efetivamente comprometida com o processo de construção do conhecimento, essa prática assume um papel fundamental no fazer pedagógico. Baseada na analise que fiz sobre avaliação na construção de conhecimento posso dizer que o meu aprendizado na disciplina foi muito bom.




REFERÊNCIAS

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 5. ed. Porto Alegre, RS: Educação e Realidade, 1994.
HOFFMAN, Jussara – Avaliação na Pré-escola –Editora Mediação.

Concepções de linguagem e escrita ... Avaliação Mediadora - Hoffmam, Jussara, - Editora Mediação; 1985

PERRENOUD, Fhilippe. Avaliação: da excelência à regulaçãodas aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1999.
PERRENOUD, Fhilippe. Dez novas competências para ensinar.Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre : Artes Médicas, 2000.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia

A nossa pesquisa de campo aconteceu na Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, situada no bairro do Uruguai na Península de Itapagipe. Essa Organização foi Implementada em julho de 1989, com a missão de lutar para formar cidadãos aptos para combater as desigualdades e buscar soluções dos problemas e desafios da sociedade e cada vez mais criar mecanismos de luta em defesa de uma qualidade de vida para os seus moradores na formação ética, social e humana. Ela tem como principio básico a valorização das pessoas e respeito ás deferências. É uma organização civil, não empresarial, sem fins lucrativos com foro e Jurisdição no território do município de Salvador. Suas áreas de intervenção, atualmente, são:
• Saúde: Atenção primária à saúde infanto-juvenil. Controle nutricional.
• Educação: Viabilização do acesso das crianças ao Ensino Fundamental e a Educação Infantil. Aula de reforço escolar. Alfabetização de jovens e adultos. Capacitação de ed Educação e Saúde da Mulher: Funciona no Posto de Saúde, trabalhando com mulheres do Uruguai e adjacências temas como :aleitamento materno, gravidez precoce, DST (incluindo a AIDS).
• Grupo de Crianças e Adolescentes: Formado , inicialmente, por representantes dos grupos participantes do III Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua.
• Informática e Cidadania Palmares: Implementada para promover a inclusão digital, capacita pessoas e cria condições para formação direcionada e participativa que funciona como suporte às exigências do mundo do trabalho que tem, atualmente, solicitado o conhecimento em informática.
• Desenvolvimento Comunitário: Mobilização, organização e formação de lideranças locais para o enfrentamento de problemas sociais de forma organizada e estratégica.
• Desenvolvimento Econômico: Implantação de bancos comunitários. Formação para trabalhadores e trabalhadoras. Ações e grupos produtivos de economia solidária.
• Desenvolvimento de Lideranças: Adolescentes e jovens protagonistas e adultos ajudando na construção de uma cultura de paz;
• Desenvolvimento Espiritual: Proporcionar as famílias motivação para vivenciar valores que fortalecem a fé e a paz na comunidade;
• Serviço ao Cliente - Acompanha de forma sistemática o público atendido, seus familiares e o monitoramento de suas participações nas atividades da organização, e da comunidade;
• Gestão de Projetos: Setor especifica para elaborar propostas e captar recursos.
Direitos Humanos: Participação e integração de grupos em fóruns municipais, estaduais e nacionais. Intervenção prepositiva em políticas públicas, através dos conselhos de direitos.
Atualmente a Associação está desenvolvendo um projeto, o Novas Tendência Estéticas Afro-brasileira que tem como objetivo criar e manter um espaço comunitário e lúdico de pesquisa, produção e serviços em estética afro-brasileira reorientando os “olhares” sobre a identidade e que seja pólo de resistência desta identidade, ao tempo que promove trabalho e renda para a juventude local. Como foi o que mais chamou atenção na visita e por está na área de atuação do curso falarei um pouco sobre ele.
O Projeto Nova Tendências Estéticas Afro-brasileira, realizado pela Associação com o apoio do Criança Esperança, confirmando-se como o quilombo, a aldeia onde a juventude de Itapagipe continua a resistir contra a ocidentalização e seus estereótipos, equívocos e preconceitos, é o local onde a manutenção das tradições, da ancestralidade e o enfrentamento ao racismo, à negação da cor e da beleza de ser negro, negra, indígena, cabocla/a. A proposta é fundamentada em áreas como cultura, inclusão social, principalmente o acesso aos bens culturais, às novas tecnologias e ao mundo do trabalho. O Nova Tendências como pólo catalisador dos anseios, sonhos e desejos dos meninos e meninas em condição de vulnerabilidade social e expostas à discriminação racial trazendo para o dialogo sobre a ética, sobre os valores estéticos, sobre a origem, sobre a raça, etnia e gênero, é um fato. Precisa, agora, unir os saberes internalizados com a prática, com bandeiras de luta, com a geração de trabalho e renda.
O exercício da cidadania, a reflexão continua sobre a cultura afro-brasileira e sobre a questão sócia racial, faz articulação dos resultados das oficinas lúdicas e o discutido na área de desenvolvimento pessoal e social, culmina com uma tendência própria onde a estética equivale a valores, a “olhares” críticos, a comportamentos e não a um simples visual. É, sobretudo, a tomada de consciência de si, da identidade, da história e da realidade, faz com que os adolescentes e jovens além de terem apreendido novas técnicas, estão com mais consciência do que é ser negro, negra, cabocla/o, indígena representantes de um povo, de uma cultura, de uma identidade.
A necessidade de empoderamento intelectual e especifico da adolescência e da juventude local para o desafio de conhecer, assimilar, planejar e lutar por políticas públicas reparatórias e de promoção da igualdade racial, da equidade de gênero, de formas de proteção dos direitos do individuo brasileiro, baiano, nordestino e itapagipano logo, o re-encontro do menino e da menina com suas origens, possibilitam a releitura do que é apresentado e o fazem como referencia a raça e a luta que já perdura por mais de 300 anos.





O processo de Aquisição do conhecimento

Mariselma Bonfim

Ao passar a atividade sobre a construção do conhecimento a professora josely Muniz me fez refletir sobre a minha profissão, como foi à busca para me tornar no que sou hoje, como nos formamos seres humanos e nos constituímos como educadores. Como foi difícil definir um caminho certo a seguir, resolvi primeiramente fazer uma análise do meu entendimento sobre processo de construção do conhecimento.
Na formação da construção do conhecimento, a ação existe sempre em todas as especificidades. O que muda é sua qualidade, sua organização, e seu funcionamento. O sujeito percebe, organiza, concebe, conceitua, discrimina, em seguida de modo simbólico, pré-conceitual, pré-operatório, operatório. Assim, durante o estágio sensório-motor o sujeito concebe o objeto por imitação e depois pela a reprodução diferida. Durante o estágio simbólico, a concepção se faz pelos jogos simbólicos. Se há dificuldades de aprendizagem, porém, deve-se precisar em que nível de ação, de interação até mesmo, elas se estabelecem. Por que há momentos na vida que são de aprender, e outros de desaprender para re-aprender. Com certeza, este é um momento de olhar para as características do individuo no momento da construção do conhecimento, possibilitando-lhe vivências adequadas à sua realidade e ao seu desempenho no processo de aprendizagem. Todas as diferentes dimensões do ser se articulam em uma totalidade que possibilita a construção do conhecimento e, por seu caráter estruturante e totalizador, a construção do próprio sujeito cognoscente. Construir conhecimentos é uma arte que requer cuidado, pois necessita de uma analise profunda do entendimento do homem. Entende-se conhecimento como aquele gerado por um sujeito que tenha uma consciência cognitiva, ou seja o sujeito cognoscente. O conhecimento é concebido por seu conteúdo e pelo encanto de suas possibilidades quando em contato com a aprendizagem humana.
A educação escolar tem sido discutida muito em muitas áreas do conhecimento. Nesta analise educacional sobre a construção do conhecimento histórico farei algumas considerações diante desse amplo tema. Este século nos coloca mais do que nunca, a necessidade de que a educação trabalhe a formação ética e plural dos alunos. Estamos diante de uma reflexão educacional na qual almejamos encontrar melhores condições para o profissional e para quem busca na escola uma educação, compromissada com a sociedade em que atua. É na luta reivindicatória dos movimentos sociais e populares pela democratização da cultura, e por suas possibilidades de acesso aos diferentes espaços de poder e de decisão, tanto na sociedade como no Estado. Esta Analise implica considerar os processos e mecanismos pelos qual o novo processo (As novas tecnologias), em qual no final dos anos 1985 e 2000, se converte em um contexto cultural, social e histórico concreto para a educação. À escola e ao professor não cabe mais a função de transmissão de conhecimento, segundo Freire o individuo se apropria do conhecimento e passa a ser o sujeito da historia já que essa apropriação de dá-se a partir do universo do homem. Caberia, sim, a escola e ao professor a função de possibilitar o conhecimento usando as múltiplas e variadas modalidades de informação já disponíveis, as novas tecnologias, recomendadas tanto para o educador quanto para o educando.
Minha construção do conhecimento nesse processo de ensino-aprendizagem deu-se no antigo ensino do primeiro, segundo e terceiro grau em uma escola estadual. Hoje percebo nessa analise o quanto fomos treinados e cobrados sob formação conteúdista. A formação humana muitas vezes é construída fora da escola, em casa, ou seja, com a família e o meio social.
Lembro-me que aprendi minhas primeiras letras com minha irmã em casa, Que estava seguindo os passos de pesquisadores renomados, tais como, Emilia Ferreiro, Magda Soares, Ana Teberosky, e do próprio Paulo Freire que refletira a respeito da importância da cultura e escrita do sujeito porque para ele Alfabetizar vai além do restrito espaço da sala de aula, vai no reconhecer que o povo tem um saber, ainda que parcial e fragmentado. Ele continua em Pedagogia do Oprimido escrito em 1968 quando esteve em Santiago do Chile, que o saber das classes populares esta incluído no “Universo temático” em que os seres humanos vivem em cada época. Se essa época fosse hoje diária que o tema seria o da libertação.
Nas escolas em que fui matriculada estudei mais deveres do que direitos para saber viver em uma sociedade capitalista competitiva e exploradora, sem esquecer de toda discriminação que passei em ser primeiramente negra e segundo mulher e um país cheio de preconceitos.
Nas classes em que estudei a nossa percepção ( minha e dos colegas) estava voltada a estudar para passar e se possível tornar-se um bom profissional em uma determinada área. Sendo que a integração dos alunos na sala e para com a comunidade em que pertencíamos não foi trabalhada, os professores esqueceram disso ou talvez nem soubessem o que era isso. Penso que seria importante na comunidade escolar à inserção de todos os indivíduos que compõem a organização do mesmo. Na forma de compromisso de ambas as partes, instituição e sociedade, em promover a verdadeira educação democrática rumo ao desenvolvimento mais social do que o econômico. Precisamos rever o papel da escola através da educação que ela esta destinada a proporcionar á seus educandos. Seu papel deve ser relacionado à que tipos de cidadão querem e precisam na sociedade. Um cidadão solidário ou individualista incapaz de ajudar seus irmãos.
Meu Sonho como estudante de uma escola publica era que não houvesse uma sociedade com divisões de classes, onde todos pudessem participar da construção da educação, então seguindo os idéias de Mark entre para um movimento estudantil e um partido político, onde poderia como dizia o próprio Mark participar do processo de “libertação” com as revoluções sociais daquela época, ou seguindo o pensamento de Freire (1974,p.111) requerer “a superação das “situações-limites” em que o homem se encontra”. Nessa participação percebi que estava buscando o lado errado da construção educação. Por isso quis ser uma educadora, como também para que com meus alunos enxergar neles exemplos positivos na construção do conhecimento, que percebessem suas potencialidades, suas virtudes e seus valores e que se percebessem como co-autores dessa construção. E foi na criança que coloquei toda minha esperança, pois, ela sim é nosso futuro, É foi pensando nessa criança que procurei diversos pensadores que a conhecia melhor do que eu. Entrem os muitos que estudei citarei (LIMA, 1996, p.63), que afirma “A criança, ao longo do seu desenvolvimento, vem fazendo várias leituras do mundo ” Aqui ele trata-se de uma leitura num sentido amplo onde desde cedo ela necessita vivenciar, experimentar, para compreender as situações reais. Trarei também Soares que diz que a criança sentirá a necessidade de decifrar o mundo através da leitura. Para que isso seja realmente possível devem-se criar oportunidades para que a criança manifeste sua necessidade de compreender e expressar suas idéias através do pensamento e da ampliação do vocabulário, e por fim trago novamente Freire que em sua tendência libertadora diz que o educando deixa de ser objeto deposito de informações e passa a analisar suas realidades, seus conhecimento e discuti com seus pares a possibilidades de mudanças.
Desejo que no futuro bem próximo a educação tenha a qualidade que não é vista hoje e que seja universalizada, onde todos tenham acesso, independente de raça, idade, gênero, etnia ou nível social e também que essa criança na qual acredito hoje tenha a oportunidade de mostrar suas potencialidades quanto participante dela.
Retornando ao meu processo de construção Depois de muito estudar e tentar compreender a criança, resolvi trabalhar diretamente com ela e com 15 anos de idade eu me tornei educadora de uma turma de educação infantil e lá presenciei toda sua etapa de construção do conhecimento que segundo afirma Soares (2003), foram no contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que a criança aprende ampliando o sentido do “letramento”. E junto com essa turma fui também construindo meu saber educacional que futuramente me daria o direito de ser chamada de alfabetizadora, pois como na Alfabetização a criança adquire o domínio de um código e das habilidades de uma língua com o fim de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita, eu estava adquirindo meu domínio como educadora popular.
Infelizmente aqui no Brasil como em outras partes do mundo os saberes só são reconhecido quando se passa pela academia então resolvi alcançar mais essa meta., bem que para isso tive que passar por uma educação mais mormalista e para isso escolhi uma escola publica que mesmo com todos os problemas educacionais que foi citado no inicio desta analise ainda conseguia ser a melhor escola que formava professor aqui na Bahia mesmo com seu mais tradicionalismo , o Instituto de educação Isaias Alves- ICEIA. Lá conheci outros renomados pesquisadores, tais como Piaget, Sonia Krammer, Cipriano Luckesi, Jussara Hoffman, Tfouni, dentre outros, que contribuíram para a construção do meu conhecimento. Com eles pude refletir a respeito da importância do que é educar, saber, conhecer e aprender, e digo que aprendi muito com meus alunos. Mas tarde apois 4 anos de muita experiência e aprendizagem a Pedagogia surgiu na minha vida, não como uma paixão, mas sim como um meio de conseguir alcançar meus objetivos, pois meu grande sonho era me graduar em história, conhecer mais o por quê de tantas coisa aconterem na área educacional do mundo . Depois de anos tentado passar na universidade em história, resolvo tentar pedagogia e passo entre as 10 primeiras. Estudar Pedagogia no inicio foi difícil, pois teve que argumentar com professores que os pensamentos diferenciavam dos meus, que muitas vezes me fizeram desvia das minhas convicções, mas essas foram as primeiras dificuldades à serem superadas dentro da academia as outras foram, conflitos entre o meu pensar e dos pensadores que eu estava estudando a falta de sensibilidade de alguns professores e colegas, a não socialização entre academia e comunidade. Penso que na vida a gente aprende a cada momento, sendo assim o meu caminho só está começando e a construção do meu conhecimento também, tenho ainda bastante caminho a seguir, e muitos desafios que me levaram a seguir sempre em frente.




REFERÊNCIAS



ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação / Maria Lúcia de Arruda Aranha. 2. ed. rev. e ampl.- São Paulo. Moderna, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido, 6 ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra 1974.106,110,111p
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. Tradução de Horácio Gonzáles, 24ª. Ed., São Paulo, Cortez, 2001, 104p.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese a Língua Escrita. Tradução por Diana Myriam Lichtenstein, Liana Di Marco e Mário Corso. Título original: Los Sistemas de Escritura em el Desarrollo del Niño. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985b. 284 p.
HOFFMAN, Jussara – Avaliação na Pré-escola –Editora Mediação.

Concepções de linguagem e escrita ... Avaliação Mediadora - Hoffmam, Jussara, - Editora Mediação; 1985
KRAMER, Sonia. Alfabetização Leitura e Escrita: Formação de professores em curso. São Paulo: Ática, 2001.
KRAMER, Sonia (coord.). Com a pré-escola nas mãos. Uma alternativa curricular para a educação infantil. São Paulo: Ática, 1991.
KRAMER, Sonia. “Questões raciais em educação. Entre lembranças e reflexões”, In: Cadernos de Pesquisa. SP: Fundação Carlos Chagas, n º93, maio/95.
KLEIMAN, Ângela B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.
LIMA, Adriana Flávia S. O. Pré-escola e alfabetização, uma proposta baseada em P. Freire e J. Piaget. 9ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
LIMA, E. S. Quando a criança não aprende a ler e a escrever. São Paulo: Sobradinho 107, 2002.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 1995.
LUCKESI, Cipriano Carlos e PASSOS, Elizete Silva. Introdução à filosofia: aprendendo a pensar. 5ª. Ed., São Paulo, Cortez, 2004, 271p.
______________. O Passado e o Presente dos Professores. In: NÓVOA, A. (org.). Profissão Professor. 2. ed. Porto: Porto Editora, 1995.
______________ . In: CANÁRIO, Rui. Educação de Adultos: um campo e uma problemática Prefácio. Lisboa: EDUCA, 1999, p.3-8. (EDUCA - Formação,
PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central ao desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar,1976.