quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Elas por elas- Carolina Maria de Jesus e Clarice Lispector

“Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo.” Clarice Lispector
“Não tenho força física, mas as minhas palavras ferem mais do que espada. E as feridas são incicatrizáveis” Carolina Maria de Jesus
Neste ano de 2007 completam-se trinta anos da morte de dois dos mais expressivos nomes femininos da literatura brasileira, Clarice Lispector (1920-1977) e Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Essas duas mulheres representam, cada uma a seu modo, um grito de protesto contra as injustiças da sociedade brasileira e ambas contribuíram com seus escritos para a reflexão do papel da mulher ao longo do século XX. Embora tivessem um meio de expressão comum, a arte literária, percorreram trajetórias totalmente opostas e chegaram a literatura por caminhos diversos, levando-as inexoravelmente a ocupar papel ativo e questionador do comportamento feminino, sua condição condição histórica e seu papel na sociedade brasileira da segunda metade século passado.
Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik na Ucrânia, nas palavras dela “uma cidade tão pequena que nem figura no mapa”, em 10 de dezembro de 1920, num momento em que seus pais, judeus, se preparavam para imigrar para o Brasil, fugindo da perseguição anti-semita e da Revolução Bolchevique de 1917. Clarice chegou em terras brasileiras com dois meses de idade, juntamente com a família, estabelecendo-se primeiramente em Maceió(AL) e mais tarde em Recife(PE). Em 1943, aos 23 anos, casou-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, passando a residir em vários países, até retornar ao Brasil em 1959.
Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, também em uma pequena cidade, Sacramento, uma então provinciana localidade do interior de Minas Gerais. Em Sacramento Carolina conheceu a humilhação, a discriminação e a falta de recursos que a impossibilitaram de integrar-se minimamente na sociedade extremamente elitista daquela época, devido a sua condição de neta de escravos, negra e pobre. Carolina passou a infância e adolescência perambulando pelas cidades do interior de Minas e São Paulo, procurando encontrar melhores formas de manter a vida. Em 1937, aos 23 anos, vivendo em Franca-SP, perdeu a mãe, único vínculo que a mantinha ainda ligada a região, e resolveu partir para capital do estado em busca de melhores chances de sobrevivência. Entre empregos informais e trabalhos domésticos, a futura escritora, sonhava com o mundo das letras. Mais tarde, morando na favela e vivendo da coleta de papéis, Carolina escrevia constantemente, em folhas encontradas no lixo.
O reconhecimento viria mesmo quase que por acaso, quando em 1958, o repórter do jornal “Folha da Noite”, Audálio Dantas é designado para fazer uma matéria sobre a favela do Canindé. Entre os barracos da favela, o jornalista se depara com a intelectualidade de Carolina no meio daquela miséria, e ela mostra seus textos a ele. É seu diário, escrito desordenadamente, em folhas soltas, em cadernos velhos, relatando a dura realidade em que vivia Carolina e os outros favelados do Canindé. O jovem repórter fica maravilhado com a leitura. No dia 19 de maio de 1958, o jornal publica parte do texto, sendo elogiado. Em 1959, Audálio Dantas já trabalhando na grande revista da época – O Cruzeiro, publica trechos do Diário, mas somente em 1960, com uma tiragem inicial de 10 mil exemplares é publicada a obra: “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”. Na noite de autógrafos, são vendidos 600 exemplares, no fim do ano as vendas somavam 100 mil cópias. “Quarto de Despejo” seria republicado em pelo menos 13 línguas em mais de 40 países, incluindo a então União Soviética e o Japão. Sua projeção foi vertiginosa, e conforme explica José Carlos Sebe Bom Meihy, “Jamais outro livro publicado no Brasil com testemunhos de mulheres alcançou níveis equiparáveis ao de Carolina”. Segundo Meihy “Quarto de Despejo”, até 1998, teria “Um milhão de cópias vendidas em todo mundo, sendo inclusive o texto brasileiro mais publicado de todos os tempos”.
Clarice Lispector era formada em Direito, estudou latim, viveu em Nápoles, Washington, Berna, traduziu obras para o português, atuou como repórter e jornalista. Era dona de uma prosa densa, rebuscada, rica em inovações sintáticas e recursos lingüísticos. Em 1944 publicou o primeiro de seus vários romances: "Perto do Coração Selvagem". Clarice surpreendeu a crítica, quer pela problemática e caráter existencial, completamente inovadora, quer pelo estilo singular, fragmentário, revolucionário. Autora de quase vinte obras, se consagraria principalmente com "A Paixão segundo GH” (1964), o "Lustre” (1946) e "A Hora da Estrela” (1975). Pela densidade de sua narrativa, e o profundo perfil psicológico de seus personagens, tem sido comparada a Kafka e junto com Guimarães Rosa, constitui um capítulo especial na história da Literatura Brasileira.
Carolina estudou até o segundo ano primário, as viagens que fez foi peregrinando pelo interior de Minas Gerais e São Paulo, em busca de emprego e melhores perspectivas de vida. Sua escrita é simples, no estilo mais básico e direto: - o diário, por vezes contendo erros de gramática e ortografia, sem contudo, jamais perder a riqueza dos pensamentos bem elaborados.
Mas em ambas escritoras é latente o talento literário nato, a narrativa envolvente e a visão literária como algo predestinado, capaz de guiar suas próprias vidas.
Depois de seu sucesso estrondoso, e em virtude de sua inadequação ao estilo de vida que se esperava que seguisse ao alçançar o sucesso, e por seu temperamento independente, contestador e original, Carolina sentiu-se usada, expôs-se muito, foi consumida e descartada. Passou a ser vista como uma figura incômoda para a elite brasileira, porque revelava sem disfarces os preconceitos e a injustiça social reinante no país. Por isso foi relegada ao segundo plano das letras nacionais. “Ser negra num mundo dominado por brancos, ser mulher num espaço regido por homens, não conseguir fixar-se como pessoa de posses num território em que administrar o dinheiro é mais difícil do que ganhá-lo, publicar livros num ambiente intelectual de modelo refinado, tudo isso reunido fez da experiência de Carolina um turbilhão”, são as impressões de Meihy acerca desse período.
Clarice Lispector também lançou uma voz de protesto dirigida a uma elite que se auto-sufocava, de mulheres ainda não libertadas do conservadorismo que impregnava a sociedade brasileira do início do século XX. Refletiu a difícil situação da mulher brasileira, seja o enclausuramento das senhoras burguesas, em “A Paixão Segundo GH”, seja a opressão e falta de horizontes dos emigrantes nordestinos, achatados pela grande cidade, em “A Hora da Estrela”.
Carolina bradava em favor dos desvalidos, dos favelados, daqueles que não tiveram a oportunidade nem a “regalia” de sofrerem com problemas existenciais.
Mas ambas “se encontraram no sentido mais profundo do seu trabalho. Ambas viram e documentaram o sofrimento das pessoas, especialmente o sofrimento da mulher”. como muito bem observou a profa. Eva Paulino Bueno, da St. Mary’s University, do Estado do Texas, nos EUA.
As vozes de Clarice e Carolina repercutiram além dos limites nacionais, com suas obras publicadas no exterior, foram e continuam sendo alvo de teses e estudos acadêmicos em vários países, mas principalmente nos Estados Unidos, visando desvendar os mistérios de suas produções literárias e avaliar a contribuiçao intelectual e social como mulheres, brasileiras e escritoras.
Clarice, talvez por sua trajetoria mais “elitizada” consagrou-se como figura inconteste da literatura brasileira, e tem sido motivo das mais diversas homenagens e reverências ao longo dos últimos trinta anos.
O nome de Carolina, pelo contrário, enfrentou grande resistência de aceitação por uma elite intelectual que se recusava em ver em uma negra favelada o raro talento para a literatura “Ao contrário de suas pares (Nélida Pinon, Clarice Lispector, Henriqueta Lisboa), que só cresceram, a carreria de Carolina obedeceu o caminho do declínio (..) O avesso dessa questão sugere a crueldade da elite nacional que, através da redefinição constante do chamado código culto, elide uma participante que, apesar de sua obra extensa e original, deixa de ser considerada”. (JCSBM)
Mas embora se tentasse “apagar” sua imagem nas primeiras duas décadas depois de sua morte, Carolina vem experimentando nos últimos anos uma retomada na discussão de sua obra, sendo alvo de estudos consistentes, principalmente no exterior. Em 2005 o Governo do Estado de São Paulo inaugurou, junto ao “Museu Afro Brasil”, no Parque do Ibirapuera, uma biblioteca que leva o nome da escritora. Em 2003 o Diretor Jefferson De produziu o curta-metragem “Carolina”, protagonizado pela atriz Zezé Mota e premiado como vencedor do Festival de Gramado daquele ano. Teses de Doutorado foram produzidas tendo como tema a vida e obra da escritora, especialmente a partir do ano 2000. “Quarto de Despejo” foi selecionado para os vestibulares da UFMG em 2000 e UNB em 2004. Em 2007 a Editora Bertolucci, da terra natal da escritora, reedita “Diário de Bitita”, obra originalmente publicada na França(1982) e no Brasil (1986) em edição da Nova Fronteira, há muito esgotada.
Mas embora essas ações sejam positivas, e tenham contribuido para consolidar a vertente de retomada do nome da escritora, é evidente que ainda há que se percorrer um longo caminho até que Carolina Maria de Jesus seja devidamente respeitada e aceita pela sua singular importância, como uma das escritoras mais originais que o Brasil conheceu.
"Manuel apareceu dizendo que queria casar-se comigo. Mas eu não queria porque já estou na maturidade. E depois, um homem não há de gostar de uma mulher que não pode passar sem ler. E levanta para escrever. E que deita com o lápis e papel debaixo do travesseiro". Carolina Maria de Jesus"
"Nasci para escrever. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que chamo de viver e escrever.” Clarice Lispector
Autor: Alessandro Abdala
Artigo originalmente publicado na Revista Destaque IN, nº74

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Rainha Nzinga Mbandi

Filha de Nzinga a Mbande Ngola Kiluaje e Guenguela Cakombe Controversa líder feminina homenageada em Angola e no Brasil. Misto de libertadora com uma grande negociadora de escravos. Inteligente e cruel ao mesmo tempo. É difícil fazer um julgamento de seu caráter a tanta distancia cronológica.A Historia de Nzinga começa com a ocupação portuguesa, em 1578, quando Paulo Dias de Novais funda a cidade fortificada de São Paulo de Assumpção de Luanda que se tornará a futura capital de Angola em território mbundu. O rei dos mbundu era Ngola Kiluanji, pai de Nzinga, resistiu por muitos anos à invasão de seu território. Ngola Kiluanji resiste à ocupação portuguesa. No entanto, uma parte do território é tomada, constituindo o primeiro espaço colonial na região. O rei Kiluanji refugia-se em Cabassa, no interior de Matamba, e consegue reter o avanço dos portugueses. Após a morte de Kiluanji sucede seu filho Kia Ngola Mbandi, meio irmão de Nzinga, que, inicialmente, também impediu o avanço do comércio escravagista para o interior. Uma das primeiras medidas de Kia Mbamdi foi matar o filho único de Nzinga, concorrente em potencial.Ela também teve de aturar forte oposição interna por ser mulher e ter como mãe uma escrava – mancha grave em sua ficha, já que todo o poder, no reino, se baseava nas relações de parentesco. Nzinga fora criada pelo pai, o rei Jinga Mbandi, para ser uma rainha guerreira. Diplomata hábil, auxiliou seu irmão, mesmo rancorosa com o ato de assassinato de seu filho, negociando a devolução de territórios já ocupados pelos invasores. Recebida em Luanda com grande pompa pelo governador geral ela negocia sem ceder algum território e pede a devolução de territórios que obtém pela sua conversão política ao cristianismo, recebendo o nome de Dona Anna de Sousa. Mais tarde suas irmãs Cambi e Fungi também se convertem, passando a se chamar Dona Bárbara e Dona Garcia respectivamente.Entretanto os portugueses ficam impacientes, e no desejo de estabelecerem o comércio com o jaga de Cassanje no interior, não respeitam o tratado de paz. A rebelião de alguns sobas (chefes), que se aliam ao jaga de Cassange e aos portugueses, cria uma situação de desordem no reino de Ngola.Depois de saber da quebra do tratado, ela perguntou ao seu irmão para interceder e lutar contra a invasão portuguesa. Nzinga assume o comando da situação e ao encontrar um dos sobas, seu tio, que se dirigia a Luanda para se submeter aos portugueses, manda decapitá-lo, e dando conta da hesitação de seu irmão manda envenená-lo abrindo assim caminho ao poder e ao comando da resistência à ocupação das terras de Ngola e Matamba. De volta da sua missão, faz sua vingança, reorganizando seu exercito, mas esperando o momento propício. Aclamada Rainha Nzinga vai atirar o sobrinho, recebendo-o alegremente para em seguida apunhalá-lo, deste modo acaba sua vingança. Os adversários portugueses respondem elegendo um chefe mbundu, Aiidi Kiluanji (Kiluanji II), como novo Ngola das terras do Ndongo.A líder Nzinga, não conseguindo um acordo de paz com os portugueses em troca de seu reconhecimento como rainha de Matamba, renega a fé católica e se alia aos guerreiros jagas de Oeste se fazendo iniciar nos ritos da máquina de guerra que constituía o quilombo. Ela une-se a eles casando com um chefe jaga.Aliou-se a guerreiros jagas passando a atuar em quilombos, com espaços e táticas de guerra semelhantes aos utilizados por seu contemporâneo Zumbi dos Palmares em terras brasileiras. Durante a guerra por liderar pessoalmente as suas tropas e proibiu de as suas tropas a tratarem de "Rainha", preferindo que se dirigissem a ela como "Rei". Em 1640, a rainha Nzinga e seus guerreiros atacam o forte Massangano, onde suas duas irmãs, Cambu e Fungi, são aprisionadas, sendo esta última executada. Aproveitando a ocupação temporária de Luanda pelos holandeses, recupera alguns territórios de Ngola com a adesão de alguns sobas (chefes). Salvador Correia de Sá y Benevides, general brasileiro, restaura a soberania portuguesa em Luanda e tenta restabelecer seu poder no interior.Numa incursão do exército de Nzinga são aprisionados dois capuchinhos que a rainha aproveita para convencê-los de sua vontade de reconversão em troca do reconhecimento de sua soberania nos reinos de Ngola e Matamba e da libertação de sua irmã Cambu. O governador geral aceita libertar Cambu se Nzinga retificar um tratado limitando suas reivindicações a Matamba e renunciando aos territórios de Ngola, sendo o rio Lucala escolhido como fronteira. Este tratado, de 1656, só vai ser posto em prática depois da ameaça da rainha voltar à guerra. Só assim o governo de Luanda libera sua irmã Cambu, mesmo assim depois do pagamento de um resgate de mais de uma centena de escravos. Cambu tinha ficado retida em Luanda por cerca de dez anos.Há uma paz relativa no reino de Matamba até a sua morte aos 82 anos em 17 de dezembro de 1663. Sucede a Nzinga sua irmã Cambu, continuadora da memória de sua irmã, a rainha quilombola de Matamba e Angola.Um episódio revela bem essas qualidades: Quando se apresenta como embaixatriz em Luanda, o governador recebe-a numa sala onde havia apenas uma cadeira e uma almofada o governador oferece-lhe a almofada, o que Nzinga recusa por ofender a sua dignidade real e senta-se no corpo ajoelhado de um dos acompanhantes da sua corte, eliminando a posição de inferioridade que sutilmente lhe era oferecida pelo governador. Quando a audiência foi terminada deixa a escrava na mesma posição. Perguntaram-lhe se esquecera a escrava, ela respondeu, que não costumava conduzir a cadeira utilizada em cerimônia de tal importância.

Nefertiti – A rainha do Egito. .

Uma rainha muito importante do período do Novo Egito, que governou no século IX a.C. Nefertite se casou com o faraó Amenhotep IV, que mudou o nome por declarar adoração à Aton - antigo Rá deus Sol, tornando-se Akenaton, ou seja, o rei sol. Akenaton acordava toso dia de manhã e rezava para o sol até ele se por. Ele obrigou todos do Egito a fazerem a mesma coisa, condenando as antigas práticas religiosas, e a todos que ainda permanecessem no politeísmo. O faraó possuía duas esposas, mas Nefertite era a principal, por isso, Akenaton a chamava de sacerdotisa do sol! Um dia, Akenaton faleceu tomando um veneno oferecido por todos os sacerdotes que se opunham a ele e queriam nomear outro faraó. Nefertite ficou com o poder, mantendo assim, toda a paixão pelo deus sol. Todos ficaram revoltados! Perseguiram e mataram Nefertite. Até agora não se sabe se a Nefertite foi assassinada e jogada no rio ou morreu normalmente. A nossa dúvida sobre isso, é porque até agora, não acharam a múmia dela. E assim foi a História de Nefertite!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Vocês conhecem Maria da Penha? Falo da mulher ativista que inspirou a criação da lei que recebeu o seu nome. Ela e Maria Dolores de Brito escreveram a oportuna reflexão sobre o caso Eloá:
Feminicídio ao vivo: o que nos clama Eloá
Tudo o que o Brasil acompanhou com pesar no drama de Eloá, em suas cem horas de suplício em cadeia nacional, não pode ser visto apenas como resultado de um ato desesperado de um rapaz desequilibrado por causa de uma intensa ou incontrolada paixão. É uma expressão perversa de um tipo de dominação masculina ainda fortemente cravada na cultura brasileira.
No Brasil, foram os movimentos feministas que iniciaram nos anos de 1970, as denúncias, mobilização e enfrentamento da violência de gênero contra as mulheres que se materializava nos crimes cometidos por homens contra suas parceiras amorosas. Naquele período ainda estava em vigor o instituto da defesa da honra, e desenvolveram- se ações de movimentos feministas e democráticos pela punição aos assassinos de mulheres. A alegação da defesa da honra era então justificativa para muitos crimes contra mulheres, mas no contexto de reorganização social para a conquista da democracia no país e do surgimento de movimentos feministas, este tema vai emergir como questão pública, política, a ser enfrentada pela sociedade por ferir a cidadania e os direitos humanos das mulheres.
O assassinato de Ângela Diniz, em dezembro de 1976, por seu namorado Doca Street, foi o acontecimento desencadeador de uma reação generalizada contra a absolvição do criminoso em primeira instância, sob alegação de que o crime foi uma reação pela defesa "honra". Na verdade, as circunstâncias mostravam um crime bárbaro motivado pela determinação da vítima em acabar com o relacionamento amoroso, e a inconformidade do assassino com este fim. Essa decisão da justiça revoltou parcelas significativas da sociedade cuja pressão levou a um novo julgamento em 1979 que condenou o assassino. Outro crime emblemático foi o assassinato de Eliane de Grammont pelo seu ex-marido Lindomar Castilho em março de 1981. Crimes que motivaram a campanha "quem ama não mata".
Agora, após três décadas, o Brasil assistiu ao vivo, testemunhando, o assassinato de uma adolescente de 15 anos por um ex-namorado inconformado com o fim do relacionamento. Um relacionamento que ele mesmo tomou a iniciativa de acabar por ciúmes, e que Eloá não quis reatar. O assassino, durante 100 horas manteve Eloá e uma amiga em cárcere privado, bateu na vitima, acusou, expôs, coagiu e por fim martirizou o seu corpo com um tiro na virilha, local de representação da identidade sexual, e na cabeça, local de representação da identidade individual. Um crime em que não apenas a vida de um corpo foi assassinada, mas o significado que carrega – o feminino.
Um crime do patriarcado que se sustenta no controle do corpo, da vontade e da capacidade punitiva sobre as mulheres pelos homens. O feminicídio é um crime de ódio, realizado sempre com crueldade, como o "extremo de um continuum de terror anti-feminino" , incluindo várias formas de violência como sofreu Eloá, xingamentos, desconfiança, acusações, agressões físicas, até alcançar o nível da morte pública. O que o seu assassino quis mostrar a todas/os nós? Que como homem tinha o controle do corpo de Eloá e que como homem lhe era superior? Ao perceber Eloá como sujeito autônomo, sentiu-se traído, no que atribuía a ela como mulher (a submissão ao seu desejo), e no que atribuía a si como homem (o poder sobre ela - base de sua virilidade). Assim o feminicídio é um crime de poder, é um crime político. Juridicamente é um crime hediondo, triplamente qualificado: motivo fútil, sem condições de defesa da vítima, premeditado.
Se antes esses crimes aconteciam nas alcovas, nos silêncios das madrugadas, estão agora acontecendo em espaços públicos, shoppings, estabelecimentos comerciais, e agora na mídia. Para Laura Segato [1] é necessário retirar os crimes contra mulheres da classificação de homicídios, nomeando-os de feminicídio e demarcar frente aos meios de comunicação esse universo dos crimes do patriarcado. Esse é o caminho para os estudos e as ações de denúncia e de enfrentamento para as formas de violência de gênero contra as mulheres.
Muita coisa já se avançou no Brasil na direção da garantia dos direitos humanos das mulheres e da equidade de gênero, como a criação das Delegacias de Apoio às Mulheres - DEAMs, que hoje somam 339 no país, o surgimento de 71 casas abrigo, além de inúmeros núcleos e centros de apoio que prestam atendimento e orientação às mulheres vítimas, realizando trabalho de denúncia e conscientizaçã o social para o combate e prevenção dessa violência, além de um trabalho de apoio psicológico e resgate pessoal das vítimas. Também ocorreram mudanças no Código Penal como a retirada do termo "mulher honesta" e a adoção da pena de prisão para agressores de mulheres, em substituição às cestas básicas. A criação da Lei 11.340, a Lei Maria da Penha, para o enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres.
Mas, ainda assim, as violências e o feminicídio continuam a acontecer. Vejamos o exemplo do Estado do Ceará: em 2007, 116 mulheres foram vítimas de assassinato no Ceará; em 2006, 135 casos foram registrados; em 2005, 118 mortes e em 2004, mais 105 casos [2]. As mulheres estão num caminho de construção de direitos e de autonomia, mas a instituição do patriarcado continua a persistir como forma de estruturação de sujeitos. É preciso que toda a sociedade se mobilize para desmontar os valores e as práticas que sustentam essa dominação masculina, transformando mentalidades, desmontando as estruturas profundas que persistem no imaginário social apesar das mudanças que já praticamos na realidade cotidiana. O comandante da ação policial de resgate de Eloá declarou que não atirou no agressor por se tratar de "um jovem em crise amorosa", num reconhecimento ao seu sofrer. E o sofrer de Eloá? Por que não foi compreendida empaticamente a sua angústia e sua vontade (e direito) de ser livremente feliz?


Notas:[1] SEGATO, Rita Laura. Que és um feminicídio. Notas para um debateemergente. Serie Antropologia, N. 401. Brasília: UNB, 2006.[2] Dados disponíveis em: http://www.patricia galvao.org. br/apc-aa-patriciagalvao/ home/noticias. ...=1076* Maria Dolores é Socióloga, professora da Universidade Federal do Ceará /Maria da Penha é inspiradora do nome da Lei Federal 11340/2006 e colaboradora de Honra da Coordenadoria de Políticas para Mulheres da Prefeitura de MulheresParceria:

escritorioepa@yahoo.com.br
+ 55 (71) 8726-2825 Gerson Ferreira
Salvador - Bahia - Brasi

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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Educação e Contemporaneidade

A disciplina Educação e Contemporaneidade me fez refletir sobre as recentes reformulações dos cursos de formação de professores e a crescente valorização da carreira do magistério, em vários países do primeiro mundo, expressam a preocupação de que o sistema de ensino corresponda às exigências da sociedade do conhecimento e de que o professor seja o agente privilegiado das mudanças desse sistema e que ele esteja mais preparado para isso. Como conseqüência, já se constata, nesses países, que o nível de formação docente tem se elevado, bem como que os cursos de especialização tem tido maior reconhecimento social. As políticas adotadas consideram que a qualificação para o ensino está relacionada com a formação inicial de professores e com a existência de uma carreira profissional estimulante, proporcionada pela garantia de mecanismos de formação contínua e de salários dignos.
“No tocante à qualificação profissional, essas políticas partem da concepção de que o professor não é um técnico reprodutor de conhecimento acumulado pela humanidade. É o profissional que domina o conhecimento específico de sua área e o conhecimento pedagógico em uma perspectiva de totalidade. Isso lhe permite perceber as relações existentes entre as atividades educacionais e a globalidade das relações sociais, políticas e culturais em que o processo educacional ocorre e atuar como agente de transformação da realidade” (ANFOPE, 1989, p.13).

A construção de uma prática reflexiva requer ao educando a investigação contínua de seu fazer no cotidiano, atenção não só ao observável, ao falado e ao escrito, mas também ao não-realizado, ao não-falado e ao não-escrito, que podem indicar limites no processo de aprendizagem do estudante, na comunicação em sala de aula, nas situações de ensino e de avaliação e na relação pedagógica, cuja competência pode e deve ser construída já na formação docente. Essa prática reflexiva pressupõe a curiosidade constante do professor para com os alunos, um pensamento ágil e apurado e a sistemática de reflexão permanente sobre o processo ensino-aprendizagem, numa perspectiva de ação-reflexão-ação.
Com base nessa concepção de formação e construção de conhecimento e apoiados em autores que vêm trazendo importantes contribuições acerca da formação e avaliação (Saul, 1994; Hoffmann, 1994, 1995; Luckesi, 1995; André e Lüdke, 1994; Darsie, 1995; Perrenoud, 1999) entre outros, é que a considero como ação crítico-reflexivo, envolvendo ao mesmo tempo questões de ordem técnica, política e epistemológica. A avaliação assume o compromisso com o sucesso da aprendizagem a partir de um processo permanente de reflexão sobre a qualidade do ensino, e se inscreve numa concepção de conhecimento situado cultural, histórica e politicamente, os quais carregam os traços, os valores, os significados atribuídos pelos sujeitos.
Essa perspectiva de avaliação tem um caráter crítico-reflexivo e define seus contornos no contexto de uma aprendizagem como processo significativo de apropriação crítica de conhecimentos sob os pontos de vista intelectual, cultural e político. Do ponto de vista intelectual, a avaliação se constitui enquanto processo reflexivo, através do qual as situações de aprendizagem são continuamente analisadas com base nas reflexões do professor sobre as condições de aprendizagem dos seus alunos, a fim de intervir com questionamentos desafiadores, conflitos, situações-problema. A interlocução entre professor e o aluno que supera a necessidade de controle, e exerce a função de acompanhamento sistemático e crítico do processo de aprendizagem, tanto busca superar as dificuldades e ampliar as competências intelectuais do aluno, quanto melhorar a qualidade da prática docente.
No que se refere à sua dimensão cultural, ao buscar constituir-se enquanto instrumento de aprendizagens relevantes de vários significados e múltiplas interseções de conhecimentos, a avaliação considera a diversidade cultural. Portanto, pressupõe a pluralidade de formas (e) de conhecimentos, como inerente ao processo ensino-aprendizagem, refletindo e intervindo sobre o processo de aprendizagem dos alunos diferenciadamente (PERRENOUD, 1999), de acordo com as dificuldades e necessidades individuais.
Já em seu aspecto político, a avaliação reflexiva no contexto de uma aprendizagem como processo significativo de apropriação crítica de conhecimentos, diversamente cultural, não seletiva, mas formativa, está intrinsecamente comprometida com o acesso de todos ao conhecimento socialmente produzido, contribuindo com a democratização do conhecimento.
Dada a importância – política, cultural e intelectual – da avaliação crítico-reflexiva, efetivamente comprometida com o processo de construção do conhecimento, essa prática assume um papel fundamental no fazer pedagógico. Baseada na analise que fiz sobre avaliação na construção de conhecimento posso dizer que o meu aprendizado na disciplina foi muito bom.




REFERÊNCIAS

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. 5. ed. Porto Alegre, RS: Educação e Realidade, 1994.
HOFFMAN, Jussara – Avaliação na Pré-escola –Editora Mediação.

Concepções de linguagem e escrita ... Avaliação Mediadora - Hoffmam, Jussara, - Editora Mediação; 1985

PERRENOUD, Fhilippe. Avaliação: da excelência à regulaçãodas aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre : Artes Médicas Sul, 1999.
PERRENOUD, Fhilippe. Dez novas competências para ensinar.Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre : Artes Médicas, 2000.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia

A nossa pesquisa de campo aconteceu na Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, situada no bairro do Uruguai na Península de Itapagipe. Essa Organização foi Implementada em julho de 1989, com a missão de lutar para formar cidadãos aptos para combater as desigualdades e buscar soluções dos problemas e desafios da sociedade e cada vez mais criar mecanismos de luta em defesa de uma qualidade de vida para os seus moradores na formação ética, social e humana. Ela tem como principio básico a valorização das pessoas e respeito ás deferências. É uma organização civil, não empresarial, sem fins lucrativos com foro e Jurisdição no território do município de Salvador. Suas áreas de intervenção, atualmente, são:
• Saúde: Atenção primária à saúde infanto-juvenil. Controle nutricional.
• Educação: Viabilização do acesso das crianças ao Ensino Fundamental e a Educação Infantil. Aula de reforço escolar. Alfabetização de jovens e adultos. Capacitação de ed Educação e Saúde da Mulher: Funciona no Posto de Saúde, trabalhando com mulheres do Uruguai e adjacências temas como :aleitamento materno, gravidez precoce, DST (incluindo a AIDS).
• Grupo de Crianças e Adolescentes: Formado , inicialmente, por representantes dos grupos participantes do III Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua.
• Informática e Cidadania Palmares: Implementada para promover a inclusão digital, capacita pessoas e cria condições para formação direcionada e participativa que funciona como suporte às exigências do mundo do trabalho que tem, atualmente, solicitado o conhecimento em informática.
• Desenvolvimento Comunitário: Mobilização, organização e formação de lideranças locais para o enfrentamento de problemas sociais de forma organizada e estratégica.
• Desenvolvimento Econômico: Implantação de bancos comunitários. Formação para trabalhadores e trabalhadoras. Ações e grupos produtivos de economia solidária.
• Desenvolvimento de Lideranças: Adolescentes e jovens protagonistas e adultos ajudando na construção de uma cultura de paz;
• Desenvolvimento Espiritual: Proporcionar as famílias motivação para vivenciar valores que fortalecem a fé e a paz na comunidade;
• Serviço ao Cliente - Acompanha de forma sistemática o público atendido, seus familiares e o monitoramento de suas participações nas atividades da organização, e da comunidade;
• Gestão de Projetos: Setor especifica para elaborar propostas e captar recursos.
Direitos Humanos: Participação e integração de grupos em fóruns municipais, estaduais e nacionais. Intervenção prepositiva em políticas públicas, através dos conselhos de direitos.
Atualmente a Associação está desenvolvendo um projeto, o Novas Tendência Estéticas Afro-brasileira que tem como objetivo criar e manter um espaço comunitário e lúdico de pesquisa, produção e serviços em estética afro-brasileira reorientando os “olhares” sobre a identidade e que seja pólo de resistência desta identidade, ao tempo que promove trabalho e renda para a juventude local. Como foi o que mais chamou atenção na visita e por está na área de atuação do curso falarei um pouco sobre ele.
O Projeto Nova Tendências Estéticas Afro-brasileira, realizado pela Associação com o apoio do Criança Esperança, confirmando-se como o quilombo, a aldeia onde a juventude de Itapagipe continua a resistir contra a ocidentalização e seus estereótipos, equívocos e preconceitos, é o local onde a manutenção das tradições, da ancestralidade e o enfrentamento ao racismo, à negação da cor e da beleza de ser negro, negra, indígena, cabocla/a. A proposta é fundamentada em áreas como cultura, inclusão social, principalmente o acesso aos bens culturais, às novas tecnologias e ao mundo do trabalho. O Nova Tendências como pólo catalisador dos anseios, sonhos e desejos dos meninos e meninas em condição de vulnerabilidade social e expostas à discriminação racial trazendo para o dialogo sobre a ética, sobre os valores estéticos, sobre a origem, sobre a raça, etnia e gênero, é um fato. Precisa, agora, unir os saberes internalizados com a prática, com bandeiras de luta, com a geração de trabalho e renda.
O exercício da cidadania, a reflexão continua sobre a cultura afro-brasileira e sobre a questão sócia racial, faz articulação dos resultados das oficinas lúdicas e o discutido na área de desenvolvimento pessoal e social, culmina com uma tendência própria onde a estética equivale a valores, a “olhares” críticos, a comportamentos e não a um simples visual. É, sobretudo, a tomada de consciência de si, da identidade, da história e da realidade, faz com que os adolescentes e jovens além de terem apreendido novas técnicas, estão com mais consciência do que é ser negro, negra, cabocla/o, indígena representantes de um povo, de uma cultura, de uma identidade.
A necessidade de empoderamento intelectual e especifico da adolescência e da juventude local para o desafio de conhecer, assimilar, planejar e lutar por políticas públicas reparatórias e de promoção da igualdade racial, da equidade de gênero, de formas de proteção dos direitos do individuo brasileiro, baiano, nordestino e itapagipano logo, o re-encontro do menino e da menina com suas origens, possibilitam a releitura do que é apresentado e o fazem como referencia a raça e a luta que já perdura por mais de 300 anos.





O processo de Aquisição do conhecimento

Mariselma Bonfim

Ao passar a atividade sobre a construção do conhecimento a professora josely Muniz me fez refletir sobre a minha profissão, como foi à busca para me tornar no que sou hoje, como nos formamos seres humanos e nos constituímos como educadores. Como foi difícil definir um caminho certo a seguir, resolvi primeiramente fazer uma análise do meu entendimento sobre processo de construção do conhecimento.
Na formação da construção do conhecimento, a ação existe sempre em todas as especificidades. O que muda é sua qualidade, sua organização, e seu funcionamento. O sujeito percebe, organiza, concebe, conceitua, discrimina, em seguida de modo simbólico, pré-conceitual, pré-operatório, operatório. Assim, durante o estágio sensório-motor o sujeito concebe o objeto por imitação e depois pela a reprodução diferida. Durante o estágio simbólico, a concepção se faz pelos jogos simbólicos. Se há dificuldades de aprendizagem, porém, deve-se precisar em que nível de ação, de interação até mesmo, elas se estabelecem. Por que há momentos na vida que são de aprender, e outros de desaprender para re-aprender. Com certeza, este é um momento de olhar para as características do individuo no momento da construção do conhecimento, possibilitando-lhe vivências adequadas à sua realidade e ao seu desempenho no processo de aprendizagem. Todas as diferentes dimensões do ser se articulam em uma totalidade que possibilita a construção do conhecimento e, por seu caráter estruturante e totalizador, a construção do próprio sujeito cognoscente. Construir conhecimentos é uma arte que requer cuidado, pois necessita de uma analise profunda do entendimento do homem. Entende-se conhecimento como aquele gerado por um sujeito que tenha uma consciência cognitiva, ou seja o sujeito cognoscente. O conhecimento é concebido por seu conteúdo e pelo encanto de suas possibilidades quando em contato com a aprendizagem humana.
A educação escolar tem sido discutida muito em muitas áreas do conhecimento. Nesta analise educacional sobre a construção do conhecimento histórico farei algumas considerações diante desse amplo tema. Este século nos coloca mais do que nunca, a necessidade de que a educação trabalhe a formação ética e plural dos alunos. Estamos diante de uma reflexão educacional na qual almejamos encontrar melhores condições para o profissional e para quem busca na escola uma educação, compromissada com a sociedade em que atua. É na luta reivindicatória dos movimentos sociais e populares pela democratização da cultura, e por suas possibilidades de acesso aos diferentes espaços de poder e de decisão, tanto na sociedade como no Estado. Esta Analise implica considerar os processos e mecanismos pelos qual o novo processo (As novas tecnologias), em qual no final dos anos 1985 e 2000, se converte em um contexto cultural, social e histórico concreto para a educação. À escola e ao professor não cabe mais a função de transmissão de conhecimento, segundo Freire o individuo se apropria do conhecimento e passa a ser o sujeito da historia já que essa apropriação de dá-se a partir do universo do homem. Caberia, sim, a escola e ao professor a função de possibilitar o conhecimento usando as múltiplas e variadas modalidades de informação já disponíveis, as novas tecnologias, recomendadas tanto para o educador quanto para o educando.
Minha construção do conhecimento nesse processo de ensino-aprendizagem deu-se no antigo ensino do primeiro, segundo e terceiro grau em uma escola estadual. Hoje percebo nessa analise o quanto fomos treinados e cobrados sob formação conteúdista. A formação humana muitas vezes é construída fora da escola, em casa, ou seja, com a família e o meio social.
Lembro-me que aprendi minhas primeiras letras com minha irmã em casa, Que estava seguindo os passos de pesquisadores renomados, tais como, Emilia Ferreiro, Magda Soares, Ana Teberosky, e do próprio Paulo Freire que refletira a respeito da importância da cultura e escrita do sujeito porque para ele Alfabetizar vai além do restrito espaço da sala de aula, vai no reconhecer que o povo tem um saber, ainda que parcial e fragmentado. Ele continua em Pedagogia do Oprimido escrito em 1968 quando esteve em Santiago do Chile, que o saber das classes populares esta incluído no “Universo temático” em que os seres humanos vivem em cada época. Se essa época fosse hoje diária que o tema seria o da libertação.
Nas escolas em que fui matriculada estudei mais deveres do que direitos para saber viver em uma sociedade capitalista competitiva e exploradora, sem esquecer de toda discriminação que passei em ser primeiramente negra e segundo mulher e um país cheio de preconceitos.
Nas classes em que estudei a nossa percepção ( minha e dos colegas) estava voltada a estudar para passar e se possível tornar-se um bom profissional em uma determinada área. Sendo que a integração dos alunos na sala e para com a comunidade em que pertencíamos não foi trabalhada, os professores esqueceram disso ou talvez nem soubessem o que era isso. Penso que seria importante na comunidade escolar à inserção de todos os indivíduos que compõem a organização do mesmo. Na forma de compromisso de ambas as partes, instituição e sociedade, em promover a verdadeira educação democrática rumo ao desenvolvimento mais social do que o econômico. Precisamos rever o papel da escola através da educação que ela esta destinada a proporcionar á seus educandos. Seu papel deve ser relacionado à que tipos de cidadão querem e precisam na sociedade. Um cidadão solidário ou individualista incapaz de ajudar seus irmãos.
Meu Sonho como estudante de uma escola publica era que não houvesse uma sociedade com divisões de classes, onde todos pudessem participar da construção da educação, então seguindo os idéias de Mark entre para um movimento estudantil e um partido político, onde poderia como dizia o próprio Mark participar do processo de “libertação” com as revoluções sociais daquela época, ou seguindo o pensamento de Freire (1974,p.111) requerer “a superação das “situações-limites” em que o homem se encontra”. Nessa participação percebi que estava buscando o lado errado da construção educação. Por isso quis ser uma educadora, como também para que com meus alunos enxergar neles exemplos positivos na construção do conhecimento, que percebessem suas potencialidades, suas virtudes e seus valores e que se percebessem como co-autores dessa construção. E foi na criança que coloquei toda minha esperança, pois, ela sim é nosso futuro, É foi pensando nessa criança que procurei diversos pensadores que a conhecia melhor do que eu. Entrem os muitos que estudei citarei (LIMA, 1996, p.63), que afirma “A criança, ao longo do seu desenvolvimento, vem fazendo várias leituras do mundo ” Aqui ele trata-se de uma leitura num sentido amplo onde desde cedo ela necessita vivenciar, experimentar, para compreender as situações reais. Trarei também Soares que diz que a criança sentirá a necessidade de decifrar o mundo através da leitura. Para que isso seja realmente possível devem-se criar oportunidades para que a criança manifeste sua necessidade de compreender e expressar suas idéias através do pensamento e da ampliação do vocabulário, e por fim trago novamente Freire que em sua tendência libertadora diz que o educando deixa de ser objeto deposito de informações e passa a analisar suas realidades, seus conhecimento e discuti com seus pares a possibilidades de mudanças.
Desejo que no futuro bem próximo a educação tenha a qualidade que não é vista hoje e que seja universalizada, onde todos tenham acesso, independente de raça, idade, gênero, etnia ou nível social e também que essa criança na qual acredito hoje tenha a oportunidade de mostrar suas potencialidades quanto participante dela.
Retornando ao meu processo de construção Depois de muito estudar e tentar compreender a criança, resolvi trabalhar diretamente com ela e com 15 anos de idade eu me tornei educadora de uma turma de educação infantil e lá presenciei toda sua etapa de construção do conhecimento que segundo afirma Soares (2003), foram no contexto das grandes transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e tecnológicas que a criança aprende ampliando o sentido do “letramento”. E junto com essa turma fui também construindo meu saber educacional que futuramente me daria o direito de ser chamada de alfabetizadora, pois como na Alfabetização a criança adquire o domínio de um código e das habilidades de uma língua com o fim de utilizá-lo para ler e escrever, ou seja, o domínio da tecnologia – do conjunto de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita, eu estava adquirindo meu domínio como educadora popular.
Infelizmente aqui no Brasil como em outras partes do mundo os saberes só são reconhecido quando se passa pela academia então resolvi alcançar mais essa meta., bem que para isso tive que passar por uma educação mais mormalista e para isso escolhi uma escola publica que mesmo com todos os problemas educacionais que foi citado no inicio desta analise ainda conseguia ser a melhor escola que formava professor aqui na Bahia mesmo com seu mais tradicionalismo , o Instituto de educação Isaias Alves- ICEIA. Lá conheci outros renomados pesquisadores, tais como Piaget, Sonia Krammer, Cipriano Luckesi, Jussara Hoffman, Tfouni, dentre outros, que contribuíram para a construção do meu conhecimento. Com eles pude refletir a respeito da importância do que é educar, saber, conhecer e aprender, e digo que aprendi muito com meus alunos. Mas tarde apois 4 anos de muita experiência e aprendizagem a Pedagogia surgiu na minha vida, não como uma paixão, mas sim como um meio de conseguir alcançar meus objetivos, pois meu grande sonho era me graduar em história, conhecer mais o por quê de tantas coisa aconterem na área educacional do mundo . Depois de anos tentado passar na universidade em história, resolvo tentar pedagogia e passo entre as 10 primeiras. Estudar Pedagogia no inicio foi difícil, pois teve que argumentar com professores que os pensamentos diferenciavam dos meus, que muitas vezes me fizeram desvia das minhas convicções, mas essas foram as primeiras dificuldades à serem superadas dentro da academia as outras foram, conflitos entre o meu pensar e dos pensadores que eu estava estudando a falta de sensibilidade de alguns professores e colegas, a não socialização entre academia e comunidade. Penso que na vida a gente aprende a cada momento, sendo assim o meu caminho só está começando e a construção do meu conhecimento também, tenho ainda bastante caminho a seguir, e muitos desafios que me levaram a seguir sempre em frente.




REFERÊNCIAS



ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação / Maria Lúcia de Arruda Aranha. 2. ed. rev. e ampl.- São Paulo. Moderna, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido, 6 ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra 1974.106,110,111p
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. Tradução de Horácio Gonzáles, 24ª. Ed., São Paulo, Cortez, 2001, 104p.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese a Língua Escrita. Tradução por Diana Myriam Lichtenstein, Liana Di Marco e Mário Corso. Título original: Los Sistemas de Escritura em el Desarrollo del Niño. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985b. 284 p.
HOFFMAN, Jussara – Avaliação na Pré-escola –Editora Mediação.

Concepções de linguagem e escrita ... Avaliação Mediadora - Hoffmam, Jussara, - Editora Mediação; 1985
KRAMER, Sonia. Alfabetização Leitura e Escrita: Formação de professores em curso. São Paulo: Ática, 2001.
KRAMER, Sonia (coord.). Com a pré-escola nas mãos. Uma alternativa curricular para a educação infantil. São Paulo: Ática, 1991.
KRAMER, Sonia. “Questões raciais em educação. Entre lembranças e reflexões”, In: Cadernos de Pesquisa. SP: Fundação Carlos Chagas, n º93, maio/95.
KLEIMAN, Ângela B. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.
LIMA, Adriana Flávia S. O. Pré-escola e alfabetização, uma proposta baseada em P. Freire e J. Piaget. 9ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
LIMA, E. S. Quando a criança não aprende a ler e a escrever. São Paulo: Sobradinho 107, 2002.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 1995.
LUCKESI, Cipriano Carlos e PASSOS, Elizete Silva. Introdução à filosofia: aprendendo a pensar. 5ª. Ed., São Paulo, Cortez, 2004, 271p.
______________. O Passado e o Presente dos Professores. In: NÓVOA, A. (org.). Profissão Professor. 2. ed. Porto: Porto Editora, 1995.
______________ . In: CANÁRIO, Rui. Educação de Adultos: um campo e uma problemática Prefácio. Lisboa: EDUCA, 1999, p.3-8. (EDUCA - Formação,
PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas: problema central ao desenvolvimento. Rio de Janeiro: Zahar,1976.


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

VIÚVA DE PAULO FREIRE ESCREVE CARTA DE REPÚDIO À REVISTA VEJA

Atualizado em 12 de setembro de 2008 às 10:46 Publicado em 12 de setembro de 2008 às 10:38
por CONCEIÇÃO LEMES

Na edição de 20 de agosto a revista Veja publicou a reportagem O que estão ensinando a ele? De autoria de Monica Weinberg e Camila Pereira, ela foi baseada em pesquisa sobre qualidade do ensino no Brasil. Lá pelas tantas há o seguinte trecho:'Muitos professores brasileiros se encantam com personagens que em classe mereceriam um tratamento mais crítico, como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização. Entre os professores ouvidos na pesquisa, Freire goleia o físico teórico alemão Albert Einstein, talvez o maior gênio da história da humanidade. Paulo Freire 29 x 6 Einstein. Só isso já seria evidência suficiente de que se está diante de uma distorção gigantesca das prioridades educacionais dos senhores docentes, de uma deformação no espaço-tempo tão poderosa, que talvez ajude a explicar o fato de eles viverem no passado'.Curiosamente, entre os especialistas consultados está o filósofo Roberto Romano, professor da Unicamp. Ele é o autor de um artigo publicado na Folha, em 1990, cujo título é Ceausescu no Ibirapuera. Sem citar o Paulo Freire, ele fala do Paulo Freire. É uma tática de agredir sem assumir. Na época Paulo, era secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina.Diante disso a viúva de Paulo Freire, Nita, escreveu a seguinte carta de repúdio:'Como educadora, historiadora, ex-professora da PUC e da Cátedra Paulo Freire e viúva do maior educador brasileiro PAULO FREIRE -- e um dos maiores de toda a história da humanidade --, quero registrar minha mais profunda indignação e repúdio ao tipo de jornalismo, que, a cada semana a revista VEJA oferece às pessoas ingênuas ou mal intencionadas de nosso país. Não a leio por princípio, mas ouço comentários sobre sua postura danosa através do jornalismo crítico. Não proclama sua opção em favor dos poderosos e endinheirados da direita, mas , camufladamente, age em nome do reacionarismo desta.Esta vem sendo a constante desta revista desde longa data: enodoar pessoas as quais todos nós brasileiros deveríamos nos orgulhar. Paulo, que dedicou seus 75 anos de vida lutando por um Brasil melhor, mais bonito e mais justo, não é o único alvo deles. Nem esta é a primeira vez que o atacam. Quando da morte de meu marido, em 1997, o obituário da revista em questão não lamentou a sua morte, como fizeram todos os outros órgãos da imprensa escrita, falada e televisiva do mundo, apenas reproduziu parte de críticas anteriores a ele feitas.A matéria publicada no n. 2074, de 20/08/08, conta, lamentavelmente com o apoio do filósofo Roberto Romano que escreve sobre ética, certamente em favor da ética do mercado, contra a ética da vida criada por Paulo. Esta não é, aliás, sua primeira investida sobre alguém que é conhecido no mundo por sua conduta ética verdadeiramente humanista.Inadmissivelmente, a matéria é elaborada por duas mulheres, que, certamente para se sentirem e serem parceiras do 'filósofo' e aceitas pelos neoliberais desvirtuam o papel do feminino na sociedade brasileira atual. Com linguagem grosseira, rasteira e irresponsável, elas se filiam à mesma linha de opção política do primeiro, falam em favor da ética do mercado, que tem como premissa miserabilizar os mais pobres e os mais fracos do mundo, embora para desgosto deles, estamos conseguindo, no Brasil, superar esse sonho macabro reacionário.Superação realizada não só pela política federal de extinção da pobreza, mas , sobretudo pelo trabalho de meu marido – na qual esta política de distribuição da renda se baseou - que demonstrou ao mundo que todos e todas somos sujeitos da história e não apenas objeto dela. Nas 12 páginas, nas quais proliferam um civismo às avessas e a má apreensão da realidade, os participantes e as autoras da matéria dão continuidade às práticas autoritárias, fascistas, retrógradas da cata às bruxas dos anos 50 e da ótica de subversão encontrada em todo ato humanista no nefasto período da Ditadura Militar.Para satisfazer parte da elite inescrupulosa e de uma classe média brasileira medíocre que tem a Veja como seu 'Norte' e 'Bíblia', esta matéria revela quase tão somente temerem as idéias de um homem humilde, que conheceu a fome dos nordestinos, e que na sua altivez e dignidade restaurou a esperança no Brasil. Apavorada com o que Paulo plantou, com sacrifício e inteligência, a Veja quer torná-lo insignificante e os e as que a fazem vendendo a sua força de trabalho, pensam que podem a qualquer custo, eliminar do espaço escolar o que há de mais importante na educação das crianças, jovens e adultos: o pensar e a formação da cidadania de todas as pessoas de nosso país, independentemente de sua classe social, etnia, gênero, idade ou religião.Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de concluir que os pais, alunos e educadores escutaram a voz de Paulo, a validando e praticando. Portanto, a sociedade brasileira está no caminho certo para a construção da autêntica democracia. Querendo diminuí-lo e ofendê-lo, contraditoriamente a revista Veja nos dá o direito de proclamar que Paulo Freire Vive!São Paulo, 11 de setembro de 2008Ana Maria Araújo Freire'.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Somos o belo sexo.

Não precisamos usar gravata e podemos sentar de pernas cruzadas.
Se resolvermos exercer profissões predominantemente masculinas somos pioneiras - eles, gays...
Nossa inteligência é compatível com a de qualquer homem, e nossa aparência é melhor.
Se matarmos alguém, e provarmos que foi na TPM, é atenuante.
Nosso cérebro dá conta do mesmo serviço com 6 bilhões de neurônios a menos (ou seja,nossos neurônios são mais eficientes).
Somos capazes de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo.
Sempre sabemos onde estão as meias.
Mulher de presidente é primeira-dama; marido de presidenta é um zero à esquerda,mesmo que seja da direita.
Se casarmos com o herdeiro do trono, seremos rainhas; se um homem casa com a herdeira do trono, será o marido da rainha.
Se somos traídas, somos vítimas; se traímos, eles são cornos.
Somos a estrela no casamento. Somos nós que somos carregadas na noite de núpcias.
Somos nós que decidimos quanto à reprodução.
Sentimos o bebê mexendo.
Amamentamos.
As crianças sempre dizem mamãe primeiro.
Sempre estamos presentes no nascimento dos filhos.S
empre sabemos que o filho é nosso.
Temos 4 meses de licença maternidade.
Exame ginecológico é mais agradável que exame de próstata.
Alguém já ouviu falar em MUSO inspirador?
Não pagamos a conta. No máximo rachamos.
Não precisamos abrir potes de conserva, nem trocar lâmpadas.
Vivemos mais.Somos mais resistentes a dor e a infecções.
Temos menos problemas cardíacos.Suamos menos.
Podemos dormir com uma amiga sem sermos chamadas de lésbicas.
Temos prioridades em botes salva-vidas.
Não investigamos barulhos suspeitos à noite.
Todo homem já apanhou de uma mulher, nem que tenha sido da mãe.
Somos mais sensíveis.
Mulheres que moram sós comem melhor.
Temos um Dia Internacional.
E, por último, fazemos tudo que um homem faz!
SOMOS MESMO MARAVILHOSAS..Sem sombra de dúvidas.

Jerônima Mesquita

No dia 30 de abril é a data de nascimento de Jerônima Mesquita, líder feminista que lutou pelos direitos da mulher no início do século 20. Mineira de Leopoldina, Jerônima nasceu em 1880. Estudou na Europa e, ao retornar ao Brasil, uniu-se a um grupo de mulheres que reivindicava o direito feminino ao voto. Em homenagem a ela, morta em 1972 no Rio de Janeiro, um grupo de feministas trabalhou para que sua data de nascimento se tornasse o dia em homenagem à mulher. A lei foi sancionada pelo então presidente João Figueiredo.

LYDIA DA SILVA GONÇALVES

Até os 65 anos de idade mal sabia assinar o nome (ANALFABETA).Hoje, com 71 anos de idade lança seu 1º livro "A FELICIDADE ESTÁÀ SUA ESPERA".

UM POEMA SEU:"Rompe-se a corrente Onde eu de tristeza cantava Como um pássaro presoSem poder usar as próprias asasAbre-se a cortina do entendimentoO sol brilha no azul do céuMeus olhos revelam minha liberdade Um interminável descobrimentoDe novo mundo de inédita belezaAgora sei a verdade de mim mesma e sou feliz..."*

Atualmente cursa a Universidade Aberta da Melhor IdadeFACULDADE DE ITANHAÉM (FAITA) - no litoral paulista- LEITURA DO JORNAL A TRIBUNA, de 23/9/2007

HOMENAGEM A IRENA SENDLER

"A MÃE DOS MENINOS DO HOLOCAUSTO"IRENA é uma heroína desconhecida fora da Polônia.Saibam que salvou a vida de 2500 crianças que vi-viam em condições péssimas em gueto nazista.Foi torturada (quebraram-lhe pernas e pés)Era enfermeira quando a Alemanha invadiu o país (1939);hoje é anciã (98 anos - nascida em FEV/1910) e vive em Asilo no centro de Varsóvia.Leiam mais sobre essa MULHER EXTRAORDINÁRIA.Será apresentada ao Comitê do Nobel, como candidataao PRÊMIO NOBEL DA PAZ. Suas palavras:"Não se plantam sementes de comida.Plantam-se sementes de bondade."Tratem de fazer um círculo de bondade

CRIATIVIDADE


Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a
escola bastante grande. Uma manhã a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer um desenho.
"Que bom!" - pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões,
tigres, galinhas, vacas, trens e barcos...
Pegou a sua caixa de lápis-de-cor e começou a desenhar.
A professora então disse:
- Esperem, ainda não é hora de começar! -
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.
E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis
rosa, laranja e azul. A professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com caule verde.
- Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a
sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso...
virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora.
Era vermelha com caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre,
a professora disse:
- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
"Que bom!"- pensou o menininho.
Ele gostava de trabalhar com barro.
Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos,
carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro.
Então, a professora disse:
- Esperem! Não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
- Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
"Que bom!" - pensou o menininho.
Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
A professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como se faz. Assim, agora vocês podem começar.
E o prato era um prato fundo.
O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio
prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. Amassou
seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao
da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as
coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia
mais coisas por si próprio.
Então aconteceu que o menininho teve que mudar de escola.
Essa escola era ainda maior que a primeira.
Um dia a professora disse:
- Hoje nós vamos fazer um desenho.
"Que bom!"- pensou o menininho e esperou que a professora dissesse
o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até
o menininho e disse:
- Você não quer desenhar?
- Sim, e o que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça.
- Como eu posso fazê-lo?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu
posso saber o desenho de cada um?
- Eu não sei...
E então o menininho começou a desenhar uma
flor vermelha com o caule verde...

Helen Buckley

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A profissionalização e saberes docentes


Mariselma Bonfim

Educação digna e de qualidade para todos é direito apenas proclamado, mas não são fatos concretos. Mas esse contexto que tirar da população o que é seu por direito, não pode tirar a nossa capacidade de lutar e ter esperança de aprender com as lutas do passado, de apostar nas mudanças. Atuar com crianças, jovens e adultos segundo (KRAMER, 2001, p.122) exige garantia e respeito à diversidade cultural, étnica, religiosa, combatendo a desigualdade social.
Focalizando apenas o Brasil, percebemos facilmente que a identidade do professor mudou, passando das figuras da normalista cheia de ideal ou do educador que trabalha por vocação, como se fosse um “sacerdote”, para as do técnico em ensino e do trabalhador da educação. No momento presente coloca-se a noção do professor profissional da educação que, ao formar-se, forma também a escola e produz a profissão docente (NÓVOA, 1991).
Considerando a importância das interações sociais e do contexto político e social para a formação do professor, podemos dizer que é importante prever tempos e espaços curriculares, tanto na formação inicial quanto na continuada, para que ele – profissional em formação – possa refletir criticamente sobre diferentes aspectos de sua prática pedagógica, em que seu trabalho “dialoga” com diversos interlocutores: a própria sociedade (famílias dos alunos), o sistema de ensino (MEC, Secretarias de Educação), a categoria docente (cujo campo de trabalho é a escola), a instituição escolar (em que vivencia relações hierárquicas vinculadas aos papéis institucionais), a escola em funcionamento (em cuja organização trabalha com seus pares) e a sala de aula (em que interage com os alunos). Esse conjunto de relações, que se mesclam e se conformam mutuamente, resultam na dinâmica do processo de formação da identidade do professor como um profissional.
Com base na abordagem sintetizada nos parágrafos precedentes e nas responsabilidades hoje atribuídas ao profissional da educação, podemos distinguir em sua identidade três dimensões inseparáveis, pois ele é simultaneamente: um especialista que domina um instrumental próprio de trabalho e sabe fazer uso dele; um pensador capaz de repensar criticamente sua prática e as representações sociais sobre seu campo de atuação; um cidadão que faz parte de uma sociedade e de uma comunidade.

Já na década de 60 o autor Anísio Teixeira já demonstrava uma inquietação quanto à formação dos futuros educadores. Num tom meio profético, antevê desafios cada vez mais cruciais a partir do seu tempo, quando se inicia o vertiginoso alastramento mundial dos meios de comunicação, da propaganda, do consumismo, do entretenimento. Expressando uma preocupação hoje muito generalizada, porém pouco concretizada em investimentos diretos na formação do professor. Essa preocupação pode ser explicitada assim:
“A educação para todos não pode ficar alheia à revolução das ciências e dos meios de comunicação de massa; a formação dos mestres de amanhã precisaria romper com a preamar do tradicional, engajando-se no enfrentamento dos desvios da cultura tecnológica e consumista e na apropriação do pensamento científico e dos meios de comunicação, de modo a dominá-los e a servir-se deles, assegurando a todos a educação capaz de enriquecer a vida no planeta”. (TEIXEIRA, 1963 p.1).

Pensar na formação profissional nesse novo tempo exige compreender qual a participação social que o sujeito tem como cidadão e isso remete, inevitavelmente, ao conceito de cidadania, que por sua vez só pode ser concebido sob a luz da historicidade à qual se encontra enlaçado. Vê-se, pois, que o conceito de cidadania, ainda que guarde um núcleo geral (a idéia de participação ativa do individuo na realidade social da qual faz parte), guarda também especificidades que emergem do momento histórico ímpar a que se encontra vinculado.
Para Tardif (1991), é necessário que, nos tempos atuais, a formação profissional se baseie em uma nova epistemologia, a “epistemologia da prática”, que ele define como “o estudo do conjunto de saberes utilizados realmente pelos professores, em seu espaço de trabalho cotidiano, para o desempenho de todas as suas tarefas”. Segundo Nóvoa (1991), a formação do professor, de acordo com a “epistemologia da prática”, contribuiria para dar novo significado também à escola e à profissão docente.

A idéia de uma “epistemologia da prática” resulta de transformações na ciência contemporânea relacionadas ao desenvolvimento da microfísica, conforme Santos (1997) e do pensamento de autores como Kuhn (1962), Foucault (1971) e Canguillen (apud Machado, 1981), que criam novos objetos epistemológicos – o cotidiano, os jogos de linguagem e a prática, entre outros – e demonstram a historicidade do conhecimento (Tardif 1991). Assim, a prática passa de campo de aplicação à campo de produção do conhecimento, conferindo-se legitimidade aos saberes práticos.
Nesse contexto, torna-se necessário admitir que a formação inicial, por mais indispensável que seja e por melhor qualidade que tenha, é intrinsecamente inacabada. Vê-se, pois, que as concepções de atualização e reciclagem não se confundem com a de formação continuada. Embora esta última possa valer-se também daquelas, possui uma dimensão relacionada à complementação da formação inicial e a reelaboração teórico-crítica da prática cotidiana, ao longo de toda a carreira profissional.


REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação / Maria Lúcia de Arruda Aranha. 2. ed. rev. e ampl.- São Paulo. Moderna, 1996.
KRAMER, Sonia (coord.). Com a pré-escola nas mãos. Uma alternativa curricular para a educação infantil. São Paulo: Ática, 1991.
LEI FEDERAL Nº 9.394/96 – Lei de diretrizes e bases da educação nacional - LDBEN
NÓVOA, Antônio. Concepções e práticas de formação contínua de professores. In: NÓVOA, A. Formação Contínua de Professores: Realidades e Perspectivas. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1991.
______________. O Passado e o Presente dos Professores. In: NÓVOA, A. (org.). Profissão Professor. 2. ed. Porto: Porto Editora, 1995.
______________ . In: CANÁRIO, Rui. Educação de Adultos: um campo e uma problemática Prefácio. Lisboa: EDUCA, 1999, p.3-8. (EDUCA - Formação, 7).
PERRENOUD, Fhilippe. Dez novas competências para ensinar.Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre : Artes Médicas, 2000.
PERRENOUD, Philippe. (org.) Formando professores profissionais: Quais estratégias? Quais competências? Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude; LAHAYE, Louise. Os professores face ao saber – esboço de uma problemática do saber docente. Teoria & Educação. n.4, p.215-233,1991.
TEIXEIRA, Anísio. Mestres de amanhã. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos Rio de Janeiro, v.40, nº 92, out/dez. 1963.




sexta-feira, 12 de setembro de 2008



Um processo de criação construtivista
“Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no
Universo. Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer.
Porque sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura...”
Fernando Pessoa

É difícil se caminhar por caminho desconhecido, na sombra, temos que dar um passo atrás do outro até chegar aonde queremos. Foi esse meu sentimento (cegueira do desconhecido), quando recebi a posposta de criar um blog. A palavra não era desconhecida para mim já que sempre recebo convites para fazer visitas e postagem de colegas e amigos, mas sua utilização sim, pois muitas vezes só valorizamos algo quando necessitamos dele e, é o que o blog significa hoje para mim uma necessidade. Numa primeira análise direi que sua construção se deu como se ainda estivesse no meu primeiro estagio de aprendizagem, tudo era garatuja, algo em sentido, mas que tinha um fundamento. Quando vir que para sair daquele estagio tinha que fazer algo, fui buscar ajuda e essa veio das fontes mais preparadas no momento, meus alunos. O que para mim era novidade, para eles era rotineiro. Eles foram me indicando passo a passo como eu deveria agir até que conseguir criar um blog que ficasse a minha cara.
Acatando o processo de mediação do grupo foi fazendo investigações e pude apreciar o desenvolvimento visível do meu blog. Durante esse processo percebi que na era da informação e da comunicação tecnológica de computação, onde o mundo globalizado se atualiza a cada segundo, o diferencial do homem será a sua capacidade de aprender, de ser flexível, de cooperar e de ser criador diante de novas situações que aparece no seu dia-a dia.
A Educação está hoje diretamente ligada as novas Tecnologias. A internet vem como ferramenta metodológica e estratégia para o ensinar e o aprender, para debater sobre o novo perfill do educando e do educador na educação. Apesar de reconhecer blog como uma potencialidade para a educação, percebo que a maior parte dos educadores ignorar as possibilidade que ela nos traz nas áreas de comunicação, informação e descobertas para o processos de ensino-aprendizagem . A internet é um fantástico instrumento na ação formativa se configurando em um recurso pedagógico à disposição do educador em seu cotidiano educacional na comporâneidade.
O blog também amplia a possibilidade de um diálogo mais autêntico e profundo do educando com outras formas de saber, servem também como um espaço de registro dos conhecimentos adquiridos durante o processo de aprendizagem. Segundo Freire (1996), “ ensinar é criar possibilidades para produzir ou construir conhecimentos” Freire continua dizendo que “ensinar exige curiosidade” O educador é capaz de oportunizar a aprendizagem criando um ambiente favorável onde seja permitido a interação com a realidade, buscando novos horizontes e novas possibilidades através de uma ação concreta sobre o conhecimento a ser adquirido por ele, pelo educando e pelo mundo tendo em vista que ele também faz parte deste novo processo.

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MARISELMA BONFIM



fonte:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

GRANDES MULHERES

Francisca da Silva de Oliveira

A verdadeira história de Chica da Silva traça o perfil de uma mulher de personalidade e líder feminina, algo difícil em uma época marcada pela discriminação, primeiramente por ser mulher, e principalmente negra em um país escravocrata.Chica era uma das poucas escravas que sabia ler e escrever. Supõe-se que seja filha de um senhor com uma escrava. Foi libertada a pedido do contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira. Dificilmente continuaria escrava, pois morava na Vila do Príncipe, com o presidente do Senado da Câmara, com o qual já se encontrava junto antes do contratador.Tinha o poder de dominar os poderosos com toda a sua astúcia, era considerada uma autêntica mineira. Era conhecida como Chica que manda, pois todos os favores pedidos ao contratador teriam que passar pelo seu crivo.Viveu e morreu no Arraial do Tijuco, atual distrito de Diamantina (MG).A autenticidade de Chica também marcou a sua história, não apenas pelo seu poder de conquista e de mando que exercia sobre seus amantes, mas soube aproveitar as oportunidades em benefício dos seus desejos e excentricidades, por exemplo: castelo em estilo medieval em sua Chácara da Palha; ia à igreja coberta de diamante e acompanhada por doze mucamas ricamente vestidas; usava cabeleira anelada cobrindo sua cabeça raspada; tinha um pequeno navio para navegar no mar que mandou construir; era considerada uma patrocinadora da arte, afinal o único teatro permitido era de sua propriedade; banda de música à sua disposição; duas capelas; jardim de plantas exóticas importadas, cascatas artificiais, fontes, tanques para pescaria, etc.Logo após sua alforria já era proprietária de um sobrado e alguns escravos, demonstrando que procurava inserir-se no mundo livre do arraial, incorporando seus costumes e adquirindo os necessários para se fazer respeitada. Chica seguia atentamente todos os hábitos das senhoras da elite mineira.Seus desejos eram uma ordem. Os melhores lugares nos templos eram reservados para ela. A nobreza do Arraial do Tijuco e até mesmo os visitantes curvavam-se e beijavam a sua mão.Chica era uma mãe muito zelosa e presente e reforçou os seus cuidados quando seu marido voltou a Portugal, para prestar contas à coroa. Teve treze filhos, 9 mulheres e 4 homens, educou suas filhas no Recolhimento de Macaúbas, melhor educandário da região, reservado apenas para moças ricas; também teve um filho seminarista que mais tarde tornou-se padre. Uma das coisas que mais a incomodava era o preconceito sofrido por suas filhas, que não poderiam ocupar cargos de importância na comunidade e nem usar véu branco. Afirmavam que não tinham sangue puro. Com isso, Chica as tirou do convento, encaminhando-as para outros lugares que achava conveniente.O mito se popularizou em nossos dias. Chica é conhecida como uma mulher imoral que usava da sua sensualidade para conseguir as regalias que queria. Isto nada mais é do que o resultado de um dos estereótipos do papel da mulher negra na sociedade colonial, sendo este construído pelos próprios historiadores, a partir do século XIX. Chica apareceu como personagem histórica pela primeira vez nos textos de Diamantina, publicados pelo jornal O Jequitinhonha. Depois reunidos nos livros Memórias do Diamantina, onde mais uma vez sua imagem foi deturpada.Sua trajetória foi de luta para tentar diminuir o estigma que a cor e a escravidão lhe impuseram.Faleceu no dia 15 de fevereiro de 1796, no Arraial do Tijuco. Foi enterrada na Igreja de São Francisco de Assis, irmandade reservada para elite branca do arraial. O cortejo foi acompanhado até à sepultura por todas as irmandades a que pertencia. De acordo com suas disposições testamentárias, foram rezadas 40 missas para sua alma na igreja das Mercês, que reunia os pardos e mulatos.

CLEMENTINA DE JESUS


Nasceu em 07 de fevereiro de 1898 na cidade de Valença, interior do Rio de Janeiro. Mudou-se com a família para a capital do estado, radicando-se no bairro de Oswaldo Cruz. Lá acompanhou de perto o surgimento e desenvolvimento da escola de samba Portela, freqüentando desde cedo as rodas de samba da região. Em 1940 casou-se e mudou para a Mangueira.Trabalhou como doméstica por mais de 20 anos e, sem conseguir espaço para exercer sua arte, animava festinhas em casa de amigos. Somente aos 60 anos Clementina iniciou sua carreira como cantora profissional, enfrentando inúmeros obstáculos enquanto mulher, negra e pobre. "Descoberta" pelo compositor Hermínio Bello de Carvalho em 1963, participou do show "Rosa de Ouro", que rodou algumas das capitais mais importantes do Brasil e virou disco pela Odeon, incluindo, entre outros, o jongo "Benguelê".Clementina de Jesus inspirou compositores famosos, que a consideram a grande mãe da nossa cultura. Ensinou a muitos, cantigas populares do início do século, sendo que inúmeras delas foram gravadas. Em 1968, com a produção de Hermínio Bello de Carvalho, registrou o histórico LP "Gente da Antiga" ao lado de Pixinguinha e João da Bahiana. Gravou quatro discos solo (dois com o título "Clementina de Jesus", "Clementina, Cadê Você?" e "Marinheiro Só") e fez diversas participações, como nos discos "Rosa de Ouro", "Cantos de Escravos" e "Milagre dos Peixes", de Milton Nascimento, em que interpretou a faixa "Escravos de Jó". Apesar de feito muito pela preservação das nossas raízes, e ser considerada a primeira dama da MPB, Clementina viveu modestamente de uma pequena pensão do INSS e de outra que recebia do governo do Rio de Janeiro.TINA ou QUELÉ, morreu em julho de 1987 aos 85 anos de idade, deixando uma única filha, nove netos, nove bisnetos e cinco tataranetos.

DANDARA

O seu nome significa "a mais bela" ( ?-06/02/1694 )
Segundo a tradição oral, ela foi a primeira e única mulher de Zumbi dos Palmares e com ele teve três filhos. Dandara foi uma guerreira valente e atuou ao lado de Zumbi na defesa do Quilombo. E na manutenção da cultura de matrizes africanas sendo uma das quilombolas coordenadora da defesa dos diversos mocambos.Na última invasão ao Quilombo de Palmares para não retornar à condição de escrava suicidou-se em seis de fevereiro de 1694, jogando-se da pedreira mais alta.


FRANCISCA TRINDADE:

Uma chuva fina caía sobre Teresina, na manhã de segunda-feira, 31 de março de 2008. Não era uma manhã qualquer. O cenário era a Praça da Liberdade, palco de tantas manifestações políticas e onde, mesmo diante da chuva persistente, reuniram-se significativas representações políticas e sociais do meu Estado. O motivo? Fazer uma homenagem, através de uma estátua de bronze, à piauiense Francisca Trindade. Nascida na periferia de Teresina, nos movimentos de jovens já manifestava consciência crítica. Trilhou admirável caminho assumindo-se mulher, identificando-se como negra, posicionando-se como militante dos movimentos sociais e ousando enveredar pela política partidária, tornar-se vereadora, deputada estadual e a mais bem votada deputada federal da história do Piauí – trajetória intensa que durou quase toda a sua existência, até que, em pleno discurso, foi vítima de um aneurisma cerebral em 27 de julho de 2003, com 37 anos. Naquela manhã de segunda-feira –– aí está o inusitado ––, mais do que a instalação de uma estátua, pela primeira vez no Piauí é homenageada dessa forma uma mulher nascida do povo negro, testemunhando os novos rumos da história e imprimindo um marco da democracia no 31 de março, um contraponto a ditadura institucionalizada em 1964. Trindade é reconhecida como defensora incansável dos direitos humanos dos oprimidos, excluídos, injustiçados e esquecidos, principalmente da comunidade negra. Enfrentou a violência do racismo e do machismo, desafiando uma burguesia que teimava em dizer que aquele não era o seu lugar. Ousou quebrar paradigmas, calar as dores aos inimigos e tantas vezes chorou com os amigos a dor de carregar na alma tantas Franciscas trabalhadoras deste país. A homenagem naquela praça e naquele dia, quando se completam 120 anos da Lei Áurea foi, para nós, povo negro, sinal de liberdade, mostra contundente de uma Abolição feita por nós e em construção permanente, até que os princípios da verdadeira Igualdade e da Paz governem o Brasil e o mundo.Ao relembrar essa história, sou tomada pela emoção e pelo orgulho de ter convivido com essa mulher tão negra quanto eu e as muitas, reconhecidas ou anônimas deste País, e me vem à mente a incalculável dívida social luso-brasileira para com o povo negro, contraída sob o olhar complacente da humanidade, surda aos clamores das senzalas e dos quilombos. Ocorre-me que tal dívida é agravada por todas as linhas não escritas em nossa história de mulheres negras, nós que carregamos na alma a força das ancestrais, aquelas que mantiveram a altivez diante das chicotadas, que tiveram a coragem de renunciar à vida para não viverem mortas; rebelar-se, fugir, pra não se entregar, e ter ainda a doçura de acalentar nos peitos fartos de leite aqueles que não eram seus filhos. São memórias que precisamos retomar todos os dias e noites, para valorizar cada conquista e fazer valer a luta pela liberdade, cidadania e respeito.Salve, guerreira Trindade, amiga de sempre e para sempre!Salve a força negra que, mesmo quando a alma sangra pela violência do racismo, nos mantém altivas e ousadas!

LÉLIA GONZALEZ (1935 - 1994)

Pioneira do recorte de gênero no Movimento Negro. Nasceu em 1º de fevereiro de 1935, em Minas Gerais, Filha do negro ferroviário Accacio Serafim d’ Almeida. e de Orcinda Serafim d’ Almeida Lélia de Almeida González era a penúltima de 18 irmãos. Com a mãe indígena que era doméstica recebeu as primeiras lições de independência. Mudou-se com a família em 1942 para o Rio de Janeiro acompanhando o irmão Jaime jogador de futebol do Flamengo.No Rio de Janeiro cidade que amava , seu primeiro emprego foi de babá .Não raro se se identificava como carioca sendo torcedora incondicional do Flamengo. Graduou em história e filosofia.exercendo a função de professora da rede pública e posteriormente concluiu o mestrado em comunicação social. Doutorou-se em antropologia política /social em São Paulo (SP) e dedicou-se as pesquisas sobre a temática de gênero e etnia. Professora universitária, lecionava Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC - Rio, seu último cargo na instiuição foi de diretora do departamento de Sociologia e Política.Viúva de Luiz Carlos González enfrentou o preconceito por parte da família branca do marido.Através do candomblé e análises da psicanálise e da cultura brasileira assumiu sua condição de mulher e negra.Lélia se destacou pela importante participação que teve no Movimento Negro Unificado (MNU), do qual foi uma das fundadoras .Em 07/07/1978 em ato público oficializou a entidade em nível nacional.Para ela,o advento do MNU *’ consistiu no mais importante salto qualitativo nas lutas da comunidade brasileira na década de 70.”Ativista incansável como Membro da Executiva Nacional , militou também em diversas organizações, com o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN) e o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga,da qual foi uma das fundaoras. Em Salvador-Bahia se fez presente na fundação do Olodum. Sua importante atuação em defesa da mulher negra valeu-lhe a indicação para membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM). Atuou no órgão de 1985 a 1989. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e disputou vaga na Câmara Federal,em 1982,alcançando a primeira suplência.. Foi candidata a deputada federal em 1982.Em 1986, estava no Partido Democrático Trabalhista (PDT), por onde se candidatou como deputada estadual, conquistando a suplência. Nos últimos anos, estudava o que ela chamava “negros da diáspora”, cunhando o conceito de amefricanidade Escreveu Festas populares no Brasil,premiado na Feira de Frankfurt Lugar de negro, em co-autoria com Carlos Hasenbalg, duas teses de pós-graduação, além de diversos artigos para revistas científicas e obras coletivas. Faleceu vítima de problemas cardíacos no Rio de Janeiro no dia 10 julho de 1994. As reflexões de Lélia Gonzalez também se encontra contida em papers, comunicações, fala em seminários, panfletos político-sociais partidários entre outros em poder de parentes , amigas e religiosos que possuem a curadoria e direitos autorais de sua obra .
"Lélia exerceu um papel fundamental na criação e ampliação do movimento negro contemporâneo.Em termos pesoais,seu grande orgulho foi servir como “catalisadora” dos anseios de uma parcela da juventude negra de Salvador,Bahia,no final dos anos 70 .A partir de um ciclo de palestras que ela realizou na cidade,em maio de 1978,-Noventa anos de abolição: uma reflexão crítica-várias pessoas que já discutiam a questão do racismo formaram o Grupo Nêgo, a partir do qual surgiria o MNU-Bahia.Este fato revela o que,para mim,foi o traço mais característico de Lélia: acapacidade ímpar de nos instigar com a exuberância de sua fala a nos inspirar com a luminosidade de sua personalidade.Luiza Barros ( Extraído do Artigo Lembrando Lélia Gonzalez –Livro da saúde das Mulheres Negras organização de Jurema Werneck,Maísa mendonça,Evelyn C.White –Rio de Janeiro Ed.Pallas : Criola-2000- Pag. 43.


MARIA BRANDÃO DOS REIS

Nasceu em 22 de julho de 1900, numa cidade mineira localizada na Chapada Diamantina. O traço sob o último sobrenome era uma exigência sua.Militante política ativa, foi influenciada pela passagem da Coluna Prestes por sua cidade e, interessada nas atividades do Partido Comunista, mudou-se para Salvador, montou uma pensão na Baixa do Sapateiro, transformando-a no seu reduto de militância.Inteligente e solidária, fornecia livros e bolsas de estudos para os que queriam estudar, mesmo de outras ideologias que não a sua.Em 1947 organizou a vigília noturna e a passeata de protesto em apoio às moradoras do Bairro Corta Braço, ameaçadas de perder suas casas.Maria Brandão do Reis teve significativa atuação na "Campanha da Paz", organizada pelo PCB, em 1950. Obteve o prêmio de "Campeã da Paz", com direito a receber o prêmio em Moscou, mas o Partido substitui-a por um jovem intelectual. Dos Reis jamais perdoou o Partido por essa discriminação. Durante o golpe de 64 consegue escapar da prisão, fugindo para Brasília, mas quando volta, em 1965, é interrogada pela Polícia federal.Maria Brandão dos Rei faleceu em 1974.

MARIA FIRMINA DOS REISN

ascida em São Luís do Maranhão, é considerada por alguns autores como a primeira romancista brasileira.Aos 22 anos, Maria Firmina prestou concurso público para professora em Guimarães, onde passa a colaborar na imprensa local com poesias e contos. Seu livro "Úrsula", de 1859, pode ser considerado como o primeiro romance abolicionista escrito por uma mulher no Brasil. Fez da literatura um instrumento de denúncia da escravidão, mostrando o quanto sua existência era contraditória com a fé cristã professada pela sociedade.Procurou ressaltar a superioridade moral do negro que conseguia preservar sua humanidade e sentimentos elevados ainda que na condição degradante de escravo. É autora de um livro sobre 13 de maio e de vários folguedos. Aos 55 anos, antes de aposentar-se do Magistério Público, Firmina fundou em Guimarães uma escola mista e gratuita para crianças pobres.Embora solteira e pobre, adotou várias crianças e teve inúmeros afilhados.Em 1917, morreu anos 92 anos, na casa de uma amiga ex.- escrava.

RAINHA TERESA DO QUARITERÊ

Tereza do Quariterê e o Quilombo do Quariterê
Os primeiros africanos especialistas na extração do minérios chegam em Mato Grosso, no século XVIII, para trabalhar na mineração. No final do século XVIII,o quilombo do Piolho ou Quariterê, sob a liderança de José Piolho abrigava negros nascidos na África e no Brasil, índios e mestiços de negros e índios (cafuzos),que conviviam comunitariamente José Piolho, os habitantes do quilombo conviviam comunitariamente .O poder público, através da Câmara Municipal de Vila Bela da Santíssima Trindade, e os proprietários de escravos patrocinaram a primeira bandeira para destruir o quilombo e recapturar seus moradores.A bandeira contendo cerca de trinta homens e comandada por João Leme de Prado, percorreu um mês de Vila Bela até o quilombo, e, de surpresa, atacou-o, prendendo quase a totalidade dos moradores. Alguns morreram no combate que se travou, outros fugiram.Com a morte de José Piolho sua esposa Teresa sucedeu o comando e a resistência.O sistema político que Teresa implantou no Quilombo era composta de uma Rainha que se submetia a decisão de um conselho de representantes.As armas de seu exécito era conguidas mediante a troca de produtos produzidos pela comunidade ou das consquistas dos invasores derrotados.O sistema interno castigava com a pena de morte os quilombolas que porventura resolvessem abandonar a luta. A plantação de algodão era o principal produto de venda e troca. Os proprietário de fazendas e plantações e o governo de Vila Bela financiam uma nova investida contra o Quilombo do Quariterê Liderada pelo alferes Francisco Pedro de Melo, destruíram as edificações e plantações do quilombo. No combate o conselheiro militar de Tereza foi morto. e os trabalhadores sobreviventes. foram levados de volta para Vila Bela.
Ao ser conduzida pelos torturadores para VIla Bela , Teresa suicidou-se ingerindo uma poção de ervas .
Outros quilombos na região também foram destruídos, Francisco de Melo, destruiu também os quilombos de "João Félix" e o do "Mutuca".


Ruth de Souza

Participando de grandes montagens do teatro brasileiro, entre 1945 e 1999, Ruth de Souza iniciou sua carreira com um texto de Eugene O´Neil, Todos os Filhos de Deus têm Asas. Históricas montagens contaram com sua participação. Entre elas: Terras do Sem Fim, de Jorge Amado; Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes; Zumbi, de Guarnieri, Boal e Edu Lobo.Ruth de Souza sempre esteve ligada ao cinema nacional. Por seu desempenho no filme Ângela, com direção de Tom Payne, recebeu o prêmio de atriz coadjuvante, da Associação de Críticos Cinematográficos do Rio de Janeiro e da Associação de Críticos Cinematográficos de São Paulo. Em 1951, recebeu o prêmio Saci, por sua participação em Sinhá Moça que teve o mesmo diretor. Sua carreira inclui mais de trinta filmes. Entre eles, O Cabeleira, Bruma Seca, A Morte Comanda o Cangaço e O Assalto ao Trem Pagador.
Em 2001, filmou O Aleijadinho, premiada com o Kikito em As Filhas do Vento, com direção de Joelzito Araújo. Na televisão, Ruth trabalha desde 1965, quando estreou com A Deusa Vencida, na extinta TV Excelsior, e no ano seguinte já estava na TV Globo participando de inúmeras novelas, entre elas Mandala, Rainha da Sucata, Cara ou Coroa. O Clone entre outras. Vários foram também os seriados como Quarto de Despejo, Quero Meu Filho e Memorial de Maria Moura. Pela sua contribuição ao cenário artístico brasileiro, recebeu, em 1998, a Comenda do Grau de Oficial da Ordem do Rio Branco da República Federativa do Brasil.
Com cinco anos de carreira, Ruth ganhou bolsa da Rockfeller Foundation e foi estudar teatro nos Estados Unidos. “Dá para imaginar? Naquela época, o fato de uma jovem negra ir estudar no exterior foi notícia em todos os jornais”. Nos Estados Unidos estudou dramaturgia, sonoplastia, direção e ficou maravilhada com os artistas da Broadway.


Zeferina Escrava Quilombola -SEC. XIX

Zeferina liderou uma revolta de escravos ocorrida em 16 de dezembro de 1826 na cercanias de Salvador-
Essa revolta foi protagonizada pelos negros quilombolas de Urubu,um dos muitos quilombos localizados nos arredores da capital baiana.O grupo,composto de cerca de 50 pessoas,entre homens e mulheres,atacou sítios e casas da região. Zeferina liderou os companheiros com gritos de guerra ,causando admiração até em soldados inimigos. Armada,acabou sendo presa e,no interrogaório,disse à polícia que o levante estava previsto para acontecer na véspera do Natal,para que o grupo pudesse receber a adesão de escravos vindos de Salvador .m Contudo,um incidente acontecido quando os revoltosos se abasteciam num sítio vizinho precipitou a ação.Zeferina foi condenada a trabalhos forçados. Fontes Luiz Luna.O negro na luta contra a escravidão-Rev.Trabalhadora 1990-Dicionário Mulheres do Brasil organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brasil Jorge Zahar Editor RJ 2a edição

RAINHA NZINGA


Nasceu no Ndongo Oriental (Angola Atual), em 1582. Foi embaixatriz em Luanda, durante o reinado do seu irmão e travou luta sem quartel durante trinta anos contra os portugueses, pela independência da sua gente e pela sobrevivência do seu reino.Com a morte do irmão torna-se a rainha de Ndongo e, para enfrentar os portugueses, forma uma tríplice aliança com o Rei do Congo e os holandeses.Tendo um compromisso total com a libertação de Angola, Nzinga foi durante toda a sua vida a personalidade mais importante desse país e é reverenciada como sendo uma das inspirações do nacionalismo angolano atual, não só pela resistência aos invasores, como pela sua habilidade diplomática e sua altivez.Um episódio revela bem essas qualidades: Quando se apresenta como embaixatriz em Luanda, o governador recebe-a numa sala onde havia apenas uma cadeira e uma almofada o governador oferece-lhe a almofada, o que Nzinga recusa por ofender a sua dignidade real e senta-se no corpo ajoelhado de um dos acompanhantes da sua corte, eliminando a posição de inferioridade que sutilmente lhe era oferecida pelo governador. Em seguida discutiu um acordo de respeito à soberania do seu reino, expressando- se na língua portuguesa com perfeição. O efeito dessas atitudes causou um impacto psicológico que a levou a conseguir uma vitória diplomática nessa ocasião.Sempre foi muito respeitada pela estratégia que empregava e que se aproximava da moderna guerrilha. Essa tática de luta influenciou diretamente os quilombos de Palmares, já que os negros Palmarinos eram foragidos dos estados de Pernambuco e Alagoas, região para onde foram trazidos os africanos de Angola.Nzinga morreu em 1663, mas no Nordeste brasileiro sua imagem sobrevive no folclore negro, especialmente nos congos e congadas, onde ela é a Rainha Jinga (Ginga).

WINNIE MANDELA

Nasceu em 26 de setembro de 1934, com o nome de Nomzamo Winifred Madikizeh, numa pequena aldeia de Transkei, África do Sul, filha de uma professora primária e de um funcionário público.Casada com o líder Nelson Mandela - preso desde 1962, por lutar contra o apartheid - desde a sua juventude ela participou das lutas pela cidadania plena e pelos direitos humanos de todos os sul africanos, sem distinção de cor. Desafiou, desde cedo, as leis, ao entrar pelas portas permitidas somente aos brancos e ao permanecer em filas proibidas aos "não brancos".Foi a primeira pessoa de cor negra a graduar-se como assistente social na África do Sul. Trabalhando num hospital, começou a atuar politicamente junto com a juventude do Congresso Nacional Africano e foi detida como presa política pela primeira vez em 1958. Envolveu-se profundamente na mobilização das mulheres sul-africanas a rebelar-se contra as leis segregacionistas do apartheid. Nos seus anos iniciais de luta política, conheceu um jovem advogado, Nelson Mandela, casando-se com ele. Participou de todas as lutas políticas e dos perigosos anos de clandestinidade, até que Nelson Mandela, líder do CNA (Congresso Nacional Africano) foi preso em 1962 e condenado à prisão perpétua.Desde 1958, no seu estilo típico, ela vivia ignorando as determinações das autoridades policiais e foi constantemente banida e permaneceu em prisão domiciliar. Numa das vezes, ficou presa numa solitária por muitos meses, numa tentativa das autoridades de enfraquecer sua determinação. Após sair da prisão em 1975, tornou-se parte da Liga das Mulheres do CNA, que teve papel importante nas lutas contra as leis do apartheid. Por ter-se envolvido no levante de Soweto em 1976, ficou presa durante meio ano e foi banida de Soweto para Brandfort, a 350kms de Joanesburgo, onde viveu por 9 anos. Lá foi por diversas vezes atacada em sua casa e ameaçada de morte. Nesse período Winnie estava proibida de participar de encontros públicos, reuniões, de ser citada publicamente e de sair de casa nos fins de semana. Como de costume, Winnie continuou ignorando as regras do banimento, deixando Brandfort para visitar Soweto- e toda a vez era presa. Por sua tenacidade e lealdade à causa do seu povo, ganhou o título de “Mãe da Nação”, não apenas por ser casada com um herói da luta sul-africana, mas pelos seus ataques destemidos ao governo do apartheid e pelas prisões e banimentos sem que ela em nenhum momento cedesse ao regime do apartheid. Ela formou um time de futebol que cuidava de sua segurança e que ficou associado a execuções de colaboradores negros do apartheid. Um dos seus guarda-costas foi condenado pela morte de um jovem de 14 anos, logo após a libertação de Nelson Mandela da prisão e de sua eleição para presidente da África do Sul. Mesmo após a separação de Mandela, Winnie Madikizeh continua sendo uma voz forte na política sul-africana, tendo sido reeleita diversas vezes para presidente da Liga das Mulheres do Congresso Nacional Africano.


Fonte:

O olhar da Mulher Negra : o resgate de Chica da SilvaPublicação Fundação Cultural Palmares 2000
Cartilha “Mulher Negra tem História” - Bibliografia utilizada:• Calendário "Mulheres Negras no Brasil"- Recuperando nossa HistóriaComissão de Mulheres Negras do CEFC, São Paulo, 1987.• Moura, Roberto - "Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro"FUNARTE/RJ, 1983.• Santos, Deoscorédes M, dos - "Axé Opô Afonjá"Inst. Bras. De Estudos Afroasiáticos/RJ,1962.• Crescenti, Maria Thereza Caiuby - "Mulher e Libertação dos Escravos"Trabalho apresentado no III Simpósio de História do Vale do Paraíba, 1976, mimeo.• Verger, Pierre - "Os Orixás"- Ed. Corrupio, Círculo do Livro/SP, 1984.• Freitas, Décio - "Escravos e Senhores de Escravos"Ed. Mercado Aberto, P. Alegre/RS, 1983.• Montenegro, Ana - "Mulheres, Participação nas lutas populares"ML Gráf. Ed. Salvador/BA.• Jesus, Carolina Maria de - "Diário de Bitita"- Ed. Nova Fronteira, 1986.• Revista OAB - Anos X/XI e vols. 12/13, Set/Dez, de 1980, Jan/Abr, 1981, nº 27 e 28.• Calendário "Mulheres Brasileiras: Participação Política e Social" CECF/SP, 1986.• Paula, Rosângela - In Jornal do Conselho da Comunidade Negra,Abr/Mai, 1986/SP, artigo sobre Clementina de Jesus.• Barbosa, Marília, Carlos cachaça e Arthur L. Oliveira Fº"Fala Mangueira"- José Olímpio/ Ed. 1988